“Nightflyers” é uma série SyFy / Netflix, que nos traz a que tem sido apelidada de “matança no espaço”, não fosse ela baseada nas obras do mesmo nome da mente por trás de “Game of Thrones”. Insípida, tenta apresentar demasiado em dez episódios e perde-se no entrelaçar de enredos. Haverá potencial para uma segunda temporada? Vamos descobrir.
Na Literatura
A viagem da Nightflyer começou em 1980, quando George R. R. Martin publicou uma curta história que juntava terrror e ficção científica. Em 1985 uma colecção de 6 livros foi publicada com o mesmo título. Matéria-prima para a realização da série com certeza não está em falta.
O mundo de Nightflyers faz parte de um universo literário maior, conhecido por “Thousand Worlds”, palco de várias obras de ficção do autor norte-americano. Por essa razão, poderemos esperar desenvolvimento em futuras temporadas. Se elas existirem.
No Cinema
Esta desastrosa adaptação de 1987 baseou-se na primeira versão de Nightflyers de 1980. G. R. R. Martin não é de todo fã desta adaptação, que ignorou as descrições que ele fez das personagens e mudou até os nomes das mesmas.
Sinopse: O Professor D’Brannin contrata uma nave espacial para conseguir chegar à fonte de estranhos sinais do espaço profundo. A viagem torna-se curta quando o computador da nave fica com ciúmes do capitão, que se apaixona por uma das passageiras, tornando-se numa máquina homicida.
Realizador: Robert Collector (como T.C. Blake)
Elenco: Catherine Mary Stewart, Michael Praed e John Standing
A Série
Foi muito difícil criar interesse para ver o segundo episódio. “Nightflyers” não é uma má série, simplesmente não consegue criar uma fluidez de argumento que nos pregue os olhos ao ecrã. A história não flui automaticamente, é desconexa sem criar mistério e previsível sem ser interessante. Mas sem mais delongas, espreitemos o argumento inicial. Tentarei não revelar spoilers alguns, apenas linhas gerais do enredo.
Corre o ano de 2093 e o nosso planeta está cada vez mais perto do colapso ambiental. Com várias colónias humanos tanto em bases espaciais como em satélites naturais como a Lua, é urgente encontrar uma solução para salvar a Terra da destruição total.
Para o astrofísico Karl D’Branin (Eoin Macken), tal solução passa por uma nova forma de energia que ele acredita estar na posse de… alienígenas. Desacreditado pela comunidade científica, é convidado pelo capitão Roy Eris (David Ajala) para embarcar a bordo da Nightflyers para estabelecer contacto com os supostos alienígenas sentientes, conhecidos como Volchryn.
Como em qualquer trama genérica no espaço, a melhor equipa juntou-se à missão. Assim, ficamos, de forma bastante confusa e desinterssante, a conhecer Melantha Jhirl (Jodie Turner-Smith), geneticamente criado para viajar no espaço; a especialista em tecnologia Lommie (Maya Eshet), capaz de se ligar aos sistemas nave através de um neuro-portal imlantado no seu braço; o astrobiologista Rowan (Angus Sampson) e claro, a ex-namorada de D’Branin, Dr. Agatha Matheson (Gretchen Mol), uma psiquiatra especializada em telepatas. Como bónus, temos Thale (Sam Strike), o telepata (ou L-1) adolescente, revoltado e criador dos raros momentos de humor (negro) da série.
Os primeiros 5 episódios são bastante difíceis de seguir até ao fim. Somos sufocados com muita informação e quando alguma revelação é relamente feita, não causa qualquer impacto ou surpresa. A segunda metade da temporada é ligeiramente mais interessante, com alguns episódios que nos transportam para “Black Mirror”, nem que seja por breves minutos. No entanto estes momentos brilhantes que encontramos espalhados nos últimos episódios caem em ‘saco roto’, parecem apenas estar a acontecer na altura errada. E na série errada.
Falemos da season finale. O pináculo do caos que a série foi durante toda a temporada. Muito foi deixado em aberto mas, com toda a honestidade, não criei curiosidade para saber o que vem a seguir. Se houver uma segunda temporada, não pretendo ser espectadora.
A banda sonora não cativa e acaba por tornar a experiência do seriéfilo mais dull do que o esperado. Um dos maiores exemplos disso são os momentos de suspense. Estes perdem o seu efeito quando a banda sonora não nos conduz pela cena. Em vez disso, assemelha-se a barulho de fundo, não trazendo profundidade nem imersão ao que estamos a ver.
O criador desta série avançou em entrevista à Collider que várias storylines foram inseridas para preencher os espaços entre a matança do livro de Martin.
Se olharmos para o planeamento da temporada, este segue a jornada do material de fonte [livro de Martin]. Mas por causa da natureza da novela do George, que essencialmnete nos mostra as pessoas a morrerem uma por uma, não resulta no formato de série. Por essa razão procurámos alguns temas que estão na história e aplicá-los a storylines que possamos pôe entre o que o George tem e o que nós filmamos.
Intenção nobre Jeff, mas não resulta muito bem. Não tendo lido o livro, não posso avançar com comparações à obra primária. Posso apenas dizer que tenho esperança de que o livro seja melhor.
Se gostam da fusão entre ficção científica e terror, talvez “Nightflyers” deva estar na vossa watch-list. Preparem-se para cenas de violência gráficas, há uma quantidade aceitável de sangue em janelas de vidro e entranhas em diversas ocasiões. Terão também o imenso prazer de conhecerem amazonas espaciais e surtos psicóticos pontuais cuja explicação foi esquecida entre pedaços de sondas e luzes brilhantes. Em suma, não aconselho estômagos fracos a entrarem a bordo da Nightflyer.
“Mistakes blended with occasional strokes of genius”, não há melhor forma de descrever esta série. Fraca na soma da temporada, com pequenos rasgos de genialidade nos últimos episódios.
Sinopse: Com o futuro da Humanidade em risco, um grupo de exploradores embarca na Nightflyer para tentar encontrar a chave para a sobrevivência do planeta.
Criado por: Jeff Buhler