Home FilmesCinema “Mulher Em Guerra”: Uma mulher como metáfora da Natureza

“Mulher Em Guerra”: Uma mulher como metáfora da Natureza

by Sandra Rodrigues

“Mulher em Guerra” é o filme mais original deste ano realizado por Benedikt Erlingsson. Pode parecer um filme de domingo à tarde, mas aos poucos começa a ficar cada vez mais interessante, fazendo com que terminemos o filme completamente encantados.

O filme conta a história de uma mulher de 50 anos, Halla (Halldóra Geirharðsdóttir), que aparenta ter uma vida tranquila numa vila na Islândia. Cedo percebemos que a nossa protagonista assume uma vida dupla dividindo o seu tempo entre ser professora de música num coro e ativista ambiental anticapitalista. Halla age de forma clandestina contra a indústria, tentando ao máximo preservar o ecossistema e o ambiente e tenta com todas as suas forças chamar a atenção do governo para os problemas relacionados com o mesmo.

Ela também tem um sonho, ser mãe e enquanto solteira, faz o pedido de adopção recebendo a notícia 4 anos depois de que existe uma criança órfã à sua espera na Ucrânia, o que a vai de certa forma “atrapalhá-la” na sua missão. No entanto, com o apoio da sua irmã gémea (interpretada também por Halldóra Geirharðsdóttir) e por um “primo”, Halla não desiste e continua com as suas atividades clandestinas. As situações tornam-se cada vez mais complicadas, quando, por um lado, a nossa protagonista tem de enfrentar o conflito interno entre a missão de salvar a Terra e o desejo de ser mãe, e por outro lado, é confrontada pela tecnologia existente, tendo de se esconder de drones e helicópteros da polícia.

Créditos: Slot_Machine

Além da história realista, são utilizados elementos surreais. Existem três músicos que aparecem em toda a parte (e apenas são vistos pelo espectador em circunstâncias bastante inesperadas) e que fazem comentários geralmente em forma de musical e bastante irónicos. Neste caso, a música serve como antecipação de algo, uma espécie de oráculo que ajuda o espectador a perceber o que vai acontecer a seguir.

O filme é bastante preciso, tanto na montagem como nos enquadramentos. E é de louvar a representação da atriz principal, que faz uma grande interpretação de Halla e da sua irmã gémea. A fotografia é espetacular, mostrando-nos paisagens fantásticas da Islândia, assim como os seus céus boreais.

É um filme que nos tenta consciencializar sobre um perigo que mora ao lado e que muitas vezes não queremos ver, com Halla a representar a Mãe Natureza, sozinha e impotente, que tenta lutar contra todas as adversidades. Além de nos alertar sobre as ameaças industriais, é um filme esperançoso, que se encontra entre drama familiar e comédia, e termina com um final surpreendente. Mas que nos relembra que ainda há bondade, empatia e laços difíceis de quebrar.

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