Moxie chega amanhã à Netflix e coloca em cima da mesa temas como o sexismo e o patriarcado no seio de uma escola secundária. É realizado por Amy Poehler.
Este filme leva-nos a pensar de forma queremos fazer parte da mudança e que às vezes sermos os primeiros a defender algo em que acreditamos pode trazer muitas amarguras mas também muitas surpresas.
Em Moxie acompanhamos Vivian (Hadley Robinson) que se encontra no secundário e que tem uma melhor amiga igualmente introvertida, a Claudia. Na sua escola há o costume de se lançar uma lista anónima em que os alunos são classificados e colocados em categorias que se tornam ofensivas.
Contudo, e embora isto seja uma realidade recorrente, quando chega uma aluna nova à escola , Lucy (Alycia Pascual-Pena), vemos que ela não se deixa ficar calada quando começam a ter comportamentos mais sexistas e ofensivos para com ela, nomeadamente o capitão da equipa da escola, Mitchell. Ao ver que a diretora da escola nada faz com as recorrentes queixas, Vivian, inspirada pelo passado de protestos da sua mãe pelo que acreditava, começa uma magazine a que chama de Moxie para denunciar estes comportamentos, mas que acaba por se tornar rapidamente num verdadeiro movimento feminista na escola.
O que começou por uns cortes e recortes para fazer um panfleto/revista, que resultaram em pequenas demonstrações de apoio e união entre as raparigas como desenhar corações e estrelas na mão, acaba por ganhar uma dimensão muito maior e relevante porque abre espaço para se falar temas como o código de vestuário que apenas se aplica às raparigas, as questões raciais, a transsexualidade, entre outros assuntos e que, sozinhas, provavelmente nunca se sentiriam à vontade para abordar, fazendo com a luta contra o sexismo existente na escola se torne inspiradora.
É interessante ver como é que a relação de Vivian com a sua mãe, que é interpretada por Amy Poehler, se vai desgastando à medida que ela percebe que as mudanças não estão a ocorrer como ela esperava e que a culpa é da sua progenitora por, de certa forma, a ter inspirado. Contudo, sinto que havia muito mais para explorar nesta relação de mãe e filha e fica tudo muito aquém do esperado.
O filme, que é adaptado da obra de Jennifer Mathieu com o mesmo nome, lá está, consegue ser inspirador mas sinto que faltou ver um pouco mais não só desta relação familiar, como navegar um pouco mais por esta magazine que Vivian criou, para além de ir mais a fundo nos assuntos que colocou em cima da mesa. Sim, a mensagem geral está lá no seu todo, dar um passo na mudança que é acabar com o sexismo, patriarcado, racismo, etc. Mas há assuntos em que não chega a abordar verdadeiramente e que talvez fizessem sentido até porque as personagens que representavam estas questões eram bastante interessantes e com potencial para mais desenvolvimento.
Quanto à realização de Amy Poehler, é um pouco o dito acima, a mensagem está lá, tentou trazer estes assuntos para cima de mesa mas não acho que tenha de ser comparado ao Mean Girls da sua amiga Tina Fey, como está a ser feito.
Em suma, o filme é inspirador, vê-se super bem, traz-nos um bom drama adolescente com uma boa dose de como encontrar-mos as nossas vozes, ensinando-os que as coisas não mudam de um dia para o outro mas que mais vale agir do que ficar a olhar.