Depois de mais de 25 anos desde a estreia da primeira adaptação ao cinema do mítico videojogo, Mortal Kombat regressa ao grande ecrã com todo o seu esplendor e violência sangrenta.
Este filme marca a estreia na realização de Simon McQuoid que tem a difícil tarefa de fazer um reboot completo ao franchising que seja coerente em termos de história e que traga também uma boa dose de entretenimento aos fãs mais aguerridos bem como aos espectadores que vão ao cinema porque querem ver um filme com “mais ação e menos conversa”.
Para contar esta história é criada uma personagem inteiramente nova, o ex-lutador de MMA Cole Young (Lewis Tan). No início do filme, Cole é recrutado por Jax (Mehcad Brooks) e Sonya Blade (Jessica McNamee) para combater num torneio interdimensional ao lado de outros guerreiros destinados a representar e defender Earthrealm (Terra) contra as forças de Outworld (mundo de onde originam os vilões do filme).
Este argumento tem de cumprir várias funções: desde a necessidade de estabelecer e definir personagens, apresentar os mundos nos quais as batalhas vão decorrer, o torneio em si e o que está em jogo para os intervenientes, a audiência acaba por andar a “correr” constantemente de um ponto narrativo para o próximo até chegar a um final que, apesar de ter o confronto mais aguardado do filme, passa a sensação de que foi apressado e contruído sem nexo. Isto resulta num fraco desenvolvimento das personagens e dificulta a nossa capacidade de nos importarmos com o destino das mesmas.
As performances dos atores deixam também muito a desejar visto que, na sua maioria, se resumem a autómatos de exposição do enredo sem grande capacidade emocional. A única ressalva no casting prende-se com o facto de terem sido escolhidas estrelas de ação com experiência em artes marciais (como Joe Taslim e Hiroyuki Sanada) para desempenhar estes papéis que requerem muita destreza física e atleticismo.
As cenas de luta são as mais importantes num filme como este e posso dizer que são bem executadas a um nível de coreografia dos movimentos e incorporação dos poderes característicos das personagens do jogo, mas sofrem pela maneira como são filmadas. Há um recurso excessivo a shaky cam, demasiados cortes em cada cena e má iluminação do cenário que, por vezes, torna impossível discernir o que é que estamos de facto a ver.
A fotografia e efeitos visuais são, infelizmente, desinspirados com um look insípido e pouco característico e não conseguem tornar nenhum dos ambientes memorável, havendo até um fraco aproveitamento do mundo de Outworld, do qual só nos são mostrados dois locais quando aqui podiam ter dado largas à visão criativa.
A banda sonora segue um caminho semelhante ao produzir um som genérico de filmes de ação com alguns elementos de fantasia e ainda dá um retratamento moderno ao “Techno Syndrome” (a música original do jogo que ficou conhecida simplesmente como “Mortal Kombat Theme”) que desvirtua completamente o espírito da versão original. Este tema é utilizado (incompreensivelmente) durante os créditos finais e não num dos muitas combates cruciais no desenrolar do filme.
Mortal Kombat é um filme que deixa muito a desejar mas que, por outro lado, pode apelar aos fãs hardcore dos videojogos ao materializar na tela as personagens lendárias e poder ouvi-las dizer as famosas catchphrase como “Fatality!” ou “Flawless Victory!”.
Se queres ver o Scorpion lutar contra o Sub-Zero em IMAX e testemunhar o primeiro filme da nova saga de Mortal Kombat (já existe a inevitável promessa de uma sequela) então este filme é para ti e é caso para dizer – GET OVER HERE!