“Marriage Story”, o novo filme de Noah Baumbach, é mais uma das apostas fortes da Netflix para este ano. As expectativas são altas e, tal como “The Irishman”, de Martin Scorsese, esta poderá ser uma obra a lutar pelos prémios da Academia em 2020.
“Marriage Story” parece ser uma versão atual de “Kramer vs. Kramer”, a longa-metragem que Robert Benton realizou em 1980. Vencedor de 5 Óscares da Academia (inclusive para Dustin Hoffman na categoria de Melhor Ator, e para Meryl Streep em Melhor Atriz Secundária), “Kramer vs. Kramer” tornou-se uma imagem de marca – um trabalho que define os padrões de todos os projetos do mesmo género que abordam questões familiares, como o casamento, o divórcio ou a custódia de um filho. Agora, “Marriage Story” parece seguir um modelo de história semelhante, e com aspirações às estatuetas douradas.
Baseado, em parte, nas suas próprias experiências em torno do divórcio, Baumbach conta a história de Nicole (Scarlett Johansson), uma atriz, e de Charlie (Adam Driver), diretor de um teatro, ao focar-se na rotina incisiva e compassiva de um casamento que entrou em rota de colisão.
Por conseguinte, “Marriage Story” vai contar a história sobre um divórcio que, de forma gradual, passa de um processo amigável para um tumulto. Charlie e Nicole vão ficar envolvidos numa série crescente de respostas precipitadas, alimentadas pelo ressentimento e por sentimentos duradouros de amor.
Os procedimentos tornam-se ainda mais complexos pelo facto da guarda do filho estar na balança. Adicionalmente, o drama conta ainda com a participação de Laura Dern, Alan Alda e Ray Liotta, que surgem a interpretar os advogados que conduzem o caso à sua maneira.
Num movimento que reflete a natureza complexa do divórcio, a Netflix lançou dois trailers que partilham visões semelhantes, mas em última análise diferentes, do processo de separação. Na primeira, intitulada “What I Love About Nicole”, o personagem de Driver reflete sobre todas as coisas que adora na esposa. No outro, intitulado “What I Love About Charlie”, a personagem de Johansson efetua a lista das muitas virtudes do seu marido.
Com esta abordagem, e tal como proferiu numa entrevista, Baumbach pretendeu honrar o fato de que existem vários lados em toda a história, e que era necessário adotar os diferentes pontos de vista para chegar à verdade.
Baumbach, responsável pela conceção de obras como “Frances Ha” e “The Meyerowitz Stories”, falou abertamente sobre o processo pessoal de fazer o filme. Para além de se ter inspirado nas memórias do divórcio dos pais, aborda também parte da sua separação da atriz Jennifer Jason Leigh.
Na edição do Festival de Cinema de Londres deste ano, este filme foi o terceiro a receber uma salva de palmas no final, após as estreias de “The Personal History of David Copperfield” e “Jojo Rabbit”.
Neste ocasião, Driver parece ter a oportunidade de consolidar a sua qualidade no ofício da representação. No ano passado, o ator foi nomeado ao Óscar de Melhor Ator Secundário pela sua prestação em “BlacKkKlansman”, de Spike Lee. Aqui, promete assumir o protagonismo com Johansson, numa busca desmedida pelo galardão principal.
Neste tira teimas entre marido e mulher, a ideia inicial dá conta de que Baumbach não pretende eleger um culpado na relação. Existe um propósito, e Johansson parece entregar mais uma performance que nos faz pensar o motivo pelo qual ainda não arrecadou um Óscar.
Efetivamente, o filme é uma vitrine para Driver e Johansson, ambos pioneiros nas respectivas categorias de atuação. Vale lembrar que o ramo da representação é um dos mais preponderantes da Academia, e eles adoram filmes em que os atores demonstram as suas habilidades num nível superior. Desta feita, podemos estar perante mais um projeto aliciante da Netflix, e com as atenções viradas para os prémios.
Estreia dia 6 de dezembro na Netflix
