La Casa de Papel (Money Heist) está de volta com a terceira temporada e novamente com um assalto do século. Mas desta vez, o motivo principal não é o que está dentro do edifício mas sim assuntos pessoais. Estreou dia 19 de julho na Netflix.
Contém alguns spoilers
Vou-vos falar como pessoa que acabou de ver a temporada agora mesmo e que ainda nem sabe bem se está a chorar ou a rir deste final.
Não vos posso explicar o porquê mas há uma coisa que vos posso dizer: a fasquia foi elevada nesta temporada porque, depois dos receios de haver mais uma temporada de La Casa de Papel, esta conseguiu superar as expetativas. Já para não falar que faz todo o sentido haver uma quarta temporada que eu espero que venha MUITO BREVEMENTE.
O bando voltou e estão cada vez mais unidos, desta vez para salvar Rio que foi capturado depois de cometer um erro com telemóveis não registados. Mas desta vez, o plano é de alguém muito especial, um roubo a algo que deixa a Casa da Moeda para trás. Desta vez o roubo é no Banco de Espanha.
Embora o plano não seja do Professor, continuamos a ter as suas estratégias maravilhosamente bem pensadas mas com um factor que não havia na primeira temporada. Lisboa, outrora inspectora Raquel Murillo, que agora o ajuda nestes planos, é alguém que implica que o Professor quebre a sua principal regra: não há relações pessoais.
Esta temporada resume-se muito a relações pessoais e em como o sacrifício de Berlim veio a reforçar ainda mais os laços entre eles ao ponto de arriscarem tudo novamente para salvar o amigo no que eles consideram que é uma declaração de guerra.
E quem melhor para responder a uma do que a resistência? E num momento em que pessoas à volta do mundo usam a máscara de Dali, inspirados por eles, para lutarem pelos seus direitos e não só? Tudo se alinha.
Mais uma vez, os actores são o melhor que há nesta série. A temporada começa por explicar que as personagens foram separadas por duplas e mandadas para vários sítios, e que só o Professor sabia onde é que eles estavam.
Temos a Tokyo que só quer ter liberdade porque o seu feitio não é ficar presa numa ilha e temos Rio que é terrivelmente apaixonado por ela. Há Nairobi e Helsinki que vão juntos para a Argentina e que se afeiçoam um pelo outro.
Claro que o Professor e Lisboa estão juntos e fica a faltar Denver e Monica (agora Estocolmo) que acabam por ter um menino a quem dão o nome de Cincinatti, o nome de uma cidade “tal como a família”.
Se na primeira temporada não havia o problema das relações pessoais, aqui representa o maior problema e o maior erro deles todos. Especialmente do Professor que decide seguir o plano do seu falecido irmão Berlin, plano esse que elabora com o seu grande amigo que vamos conhecer por Palermo.
Há aqui a tentativa de que esta personagem seja um pouco como Berlin, especialmente no que toca a ser a pessoa que está no comando e que não reage bem quando lhe fazem frente mas mesmo assim Berlin conseguia ser mais charmoso. E também são parecidos no que toca a Nairobi metê-los aos dois no sítio quando se armam em espertos.
E que bom é voltarmos a ver Berlin! Claro que ficamos desiludidos quando percebemos que ele realmente morreu mas é tão bom tê-lo de volta, mesmo que sejam em viagens ao passado. Torna tudo mais emocional. E aliás, são estas throwbacks que nos ajudam a perceber as motivações e também os possíveis riscos destes planos.
Neste novo assalto, além de Palermo, juntam-se também Bogotá e Marselha que vão ser essenciais no decorrer do plano. Mas claro, também há novas caras do lado da polícia, nomeadamente Alicia Sierra, que vamos acabar por perceber que não vê meios para chegar aos seus objetivos.
Mesmo grávida, ela tortura o Rio, toca nos pontos mais sensíveis dos assaltantes sem escrúpulos e consegue fazer com que o Professor caia nas suas próprias armadilhas – fazendo com o final seja surpreendente!
Nem tudo é bom e quando digo isto não é porque há algo de mal com a série, mas pelo simples facto de que temos de aturar Arturito mais uma temporada, com as suas manias de herói. Aquela personagem que percebemos porque ali está mas preferíamos tanto que não estivesse.
O bom é que conseguimos explorar um pouco mais personagens que foram importantes na primeira e segunda temporada mas não tiveram tanto foco como Nairobi ou até mesmo percebermos o ursinho que o Helsinki consegue ser. Ou então que a Monica consegue ser uma badass e que está pronta para ser uma do bando.
Mesmo que algumas coisas no plano do Professor nos pareçam rebuscadas, é espantoso perceber os planos… a maneira como ele utiliza os telemóveis antigos para comunicar sem ser apanhado, como retirar o ouro de um cofre que mal se tente arrombar, enche-se de água em poucos minutos, e até mesmo toda a ideia inicial de criar uma distração para entrar no Banco, fazendo com que caiam dos céus 140 milhões de euros.
A banda sonora continua a surpreender e arrepiamos-nos quando ouvimos o Bella Ciao novamente e rimo-nos quando ouvimos “Guantanamera” de Trini Lopez, mais uma vez numa cena com Berlin e Professor.
Acho que esta temporada nos agarra tanto porque ao contrário do que aconteceu na primeira, o Professor perde o controlo de algumas coisas quando as emoções são mais fortes, ainda por cima sendo eles os fugitivos mais procurados. E também, ao contrário da 1ª temporada, a produção desta está muito maior, visto que esteve totalmente a cargo da Netflix.
La Casa de Papel tem de tudo um pouco. Tem estratégia, piadas boas, romance, drama. Não acho que seja melhor do que a primeira temporada mas acho que segue um rumo diferente e que continua a resultar. No fundo, tem a fórmula para oito episódios de 45 minutos cada que passam a correr e que depois só nos dá vontade de ver tudo de seguida!
La Casa de Papel e o maior assalto do século