Rian Johnson regressa ao cinema com uma história misteriosa em “Knives Out”, levando o espetador a desconfiar em cada momento do filme até aos créditos finais.
Depois de uma viagem atribulada a uma galáxia muito distante, Rian Johnson volta ao seu habitat natural – argumentos originais com uma pitada de nostalgia.
Rodeado por um elenco recheado de estrelas, Johnson escreveu e realizou “Knives Out”, uma história de mistério policial old fashioned, onde um idoso escritor milionário é encontrado morto pela sua empregada na manhã a seguir ao seu aniversário.
Quando todos suspeitam ter sido suicídio, o detective Benoit Blanc (Daniel Craig) tem a certeza de que existe algo por investigar sobre esta morta. Assim, juntando forças com Marta Cabrera (Ana de Armas), irá interrogar todos os suspeitos e explorar cada recanto da casa até descobrir toda a verdade sobre o incidente.
“Knives Out” recorda o espírito das histórias de Agatha Christie e coloca-o no século XXI. Porém, não retira a magia e o divertimento que este tipo de histórias conseguem injectar no público.
Nesta viagem somos acompanhados por um detective texano particularmente exuberante, nas mãos de Daniel Craig, que demonstra claramente que se divertiu imenso a fazer este papel. Com um sotaque super carregado e um toque de humor bem colocado, rapidamente ficamos fascinados com esta personagem.
Aliás, todo o elenco faz um excelente trabalho. Desde Toni Collette a a Jamie Lee Curtis, passando por Michael Shannon e Chris Evans, todos oferecem personagens peculiares, cada um com os seus momentos para brilhar.
Mas a grande revelação é Ana de Armas, a nossa protagonista que tem um refluxo quando tem de mentir. Com toques de inocência e astúcia, Ana de Armas demonstra aquilo que tem para dar e revela-se uma estrela em ascenção.
Porém, com um elenco tão vasto, alguns não se destacam tanto e ficam com apenas meia dúzia de frases para recitar. Neste campo, temos Jaeden Martell e Riki Lindhome, que não servem mais do que ser a punchline para os outros.
Num terreno mais positivo, o argumento de “Knives Out” não deixa pontas soltas que possam desfazer o novelo. Apesar de não permitir o espectador desvendar tudo por conta própria, a viagem que nos leva é realmente cativante e colocará o espectador desejoso de saber como tudo se desvendará.
E não oferece tudo de mão beijada. Não explica tudo ao mais ínfimo pormenor. Para os mais atentos, certos momentos de diálogos anteriores ou frames da excelente fotografia pelas mãos de Steve Yedlin servirão de elo de ligação desde o início até aos créditos finais. Tudo junto fará o enredo e a execução do mesmo bem mais compensadora.
“Knives Out” é uma bela bebida que nunca chega a passar de moda. Com um enredo meticuloso, excelentes performances e um humor conquistador, Johnson traz-nos ao grande ecrã um martini que será cada vez mais apreciado ao longo do tempo.