“Jurassic World: Camp Cretaceous”, da Netflix, explora a emoção de uma criança prestes a embarcar num mundo repleto de dinossauros. A série de animação apresenta Darius, um jovem que tem a ousadia de vencer um jogo que lhe dá a possibilidade de visitar o Camp Cretaceous, uma área próxima ao Jurassic World.
Crítica Sem Spoilers
Dividida em 8 episódios, “Jurassic World: Camp Cretaceous” é ambientada no mesmo período de “Jurassic World”.
Estamos de regresso à Isla Nublar, e o famoso parque de dinossauros está pronto para ser inaugurado. Repleto de easter eggs em torno da saga que começou em 1993, com a “Jurassic Park”, “Camp Cretaceous” conta as aventuras de um grupo de adolescentes no seio da carnificina que, inevitavelmente, terá lugar.
Ignorado por Dr. Wu e a sua equipa de cientistas, no centro da ação está Darius, um rapaz que tem a oportunidade de visitar o “Jurassic World” depois de ganhar um jogo complexo. Desta feita, Darius junta-se a um grupo de outros jovens para a visita ao parque.
Para além de Darius, conhecemos Kenji, um rapaz rico e mimado com uma certa tendência para ser arrogante; Brooklynn, uma típica blogger que podemos encontrar pelo YouTube; Yasmina, a voz da razão mais velha, Ben, o nerd de serviço, e Sammy, uma miúda que, aparentemente, só quer fazer amigos.
Previsivelmente, as coisas começam a correr mal muito rapidamente. A ação muda de figura quando os jovens são separados de Dave e Roxie, os adultos que tomam conta deles no acampamento do parque. Numa luta pela sobrevivência, cada episódio encontra os adolescentes a enfrentar um novo desafio – geralmente na forma de um dinossauro diferente.
Desde T-Rexes, Indominous Rexes, passando pelo Mosasaurus, “Camp Cretaceous” junta uma boa quantidade de tensão e variedade de dinossauros ao longo da temporada.
A segunda metade da temporada desenvolve cada um dos personagens de forma orgânica, para que não se pareçam tanto com arquétipos simples. O episódio 7 em particular, faculta uma boa quantidade de tempo para que eles avaliem a situação e possam enfrentar medos e problemas.
A animação adere ao CGI, que se tornou um pilar neste meio, mas não corresponde à fidelidade visual vista em “Trollhunters”. Os personagens são simples e não apresentam muitos detalhes requintados.
Embora apresente alguns problemas, “Jurassic World: Camp Cretaceous” é uma série divertida e agradável. Não há como negar que poderia ter sido feito muito mais a partir de uma história como esta, mas para o que se destina a ser, o enredo atinge os critérios apenas para ser satisfatório.
Não obstante, a série é relevante por desafiar o tema proposto. Efetivamente, os dinossauros servem para a dimensão de um propósito muito mais valeroso.
A série supera o perigo com esta necessidade autoritária de amizades valiosas. Os personagens precisam de unir esforços apesar do egoísmo inicial – é essa necessidade que toma conta da história e que, inclusive, passa a mensagem de que é importante construir relações.
Com a promessa de uma segunda temporada no horizonte, “Camp Cretaceous” é uma escolha fácil para as crianças, mas existe material suficiente (especialmente para os fãs de “Jurassic Park”) para a recomendar também para adultos.
AVISO – A partir daqui, o artigo vai seguir com vários spoilers em torno de “Camp Cretaceous” !!!
- Ligação da série a “Jurassic World”, o filme realizado por Colin Trevorrow em 2015
“Camp Cretaceous” foi estruturada de forma hábil para acontecer antes, durante e imediatamente após os eventos narrados em “Jurassic World”, o filme que Colin Trevorrow realizou em 2015.
Os miúdos chegaram cerca de três dias antes dos acontecimentos narrados no filme, e conheceram o Dr. Henry Wu (B.D. Wong) no Laboratório de Genética cerca de dois dias antes do incidente com o Indominus Rex.
Adicionalmente, o grupo viu Simon Masrani (Irrfan Khan) a chegar à ilha de helicóptero, tal como sucede no filme.
Os três primeiros episódios de “Camp Cretaceous” acontecem antes do filme, e o encontro de Darius, Kenji e Brooklynn com Blue e os Velociraptors tem lugar dois dias antes da cena – no filme – em que Owen Grady (Chris Pratt) apresenta os dinossauros a Vic Hoskins (Vincent D’Onofrio).
O quarto episódio da série acontece depois do Indominus Rex ter conseguido fugir das instalações onde estava. Tudo o que sucede depois em torno do grupo de adolescentes, que tenta chegar às docas e sobreviver aos múltiplos encontros com o Indominus Rex, acontece ao mesmo tempo dos eventos narrados no filme.
No episódio 6 de “Camp Cretaceous”, o grupo testemunha a fuga dos Pteranodons do aviário, bem como o ataque ao helicóptero de Masrani, que também surge no filme.
Depois, quando o grupo chega à atração dos caiaques, “Jurassic World” está a terminar: os Pteranodons atacam o parque e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) lança o T-Rex para lutar contra o Indominus Rex, que acaba por ser devorado pelo Mosasaurus.
O grupo chega à Lagoa do Mosasaurus quando a ilha estava a ser evacuada, e os eventos narrados no filme terminam na mesma altura o grupo chega às docas na manhã seguinte, e quando já não havia mais ninguém na ilha.
A grande questão deixada para trás com o fim da série é, de facto, as possibilidades de enredo para uma segunda temporada. É de conhecimento geral que, a dada altura, o vulcão da ilha entra erupção, e a explosão vulcânica provoca a destruição total do local.
Graças a “Jurassic World: Fallen Kingdom”, a sequela de “Jurassic Woorld”, também sabemos que um grupo de mercenários foi à ilha seis meses após o fracasso do Jurassic World, para extrair os restos do Indominus Rex que ficaram na lagoa, isto para que o Dr. Wu pudesse criar o Indoraptor. Não obstante, nessa expedição à ilha, os mercenários nunca encontram as crianças do Camp Cretaceous.
Se a segunda temporada de “Jurassic World: Camp Cretaceous” começar logo após o final da primeira, isto é, seis meses antes dos mercenários chegarem a Isla Nublar, existe a possibilidade do grupo de jovens ter sobrevivido para ser resgatado.
O pai de Kenji é desmesuradamente rico, Brooklynn é uma influencer famosa, Roxie e Dave sabem que os miúdos foram deixados para trás. Portanto, não é descabido ponderar a possibilidade de existirem missões de resgate.
É possível que a história da segunda temporada de “Jurassic World: Camp Cretaceous” seja ambientada antes dos acontecimentos narrados em ”Fallen Kingdom”, porque a alternativa seria que o grupo tivesse ficado na ilha quando o vulcão explode, o que seria um cenário fatídico.
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