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Jupiter’s Legacy: Um passo em falso em séries sobre super heróis

by Beatriz Silva

Jupiter’s Legacy chega à Netflix hoje como uma adaptação dos comics de 2017, contudo, como mais uma série de super heróis.

Pois bem, sabem quando as expetativas são elevadas mas sabemos que podem ser facilmente defraudadas? Isto aconteceu-me com esta série cujo trailer pareceu interessante mas a concretização da série acabou por não ser bem conseguida.

É certo que não li os comics, como tal, quero acreditar que há toda uma história por trás que tenha levado a que a Netflix deitasse o olho para a transformar numa série mas ao vê-la, senti que me faltava algo, quase como se tivesse saltado o episódio piloto ou assim.

A premissa baseia-se neste grupo de super heróis chamado Union que é composto por Utopian, Lady Liberty, Walter e Fitz, mas também pelos membros mais novos que são alguns dos filhos deles, que também têm super poderes e que, de certa forma, tentam estar ao nível do legado dos pais, à altura da reputação deles. Vemos isso principalmente na família principal com Brandon a sofrer por saber que nunca será como o seu pai Utopian ou a sua mãe Lady Liberty e a sua irmã, Chloe que virou as costas aos pais e à vida de super heroína para se envolver em drogas.

O foco da história também se prende na questão do Código pelo qual regem as suas ações como super heróis, que implica que não governam o seu país nem matam ninguém mas os super vilões estão a emergias e eles vão ter de lidar com as dúvidas que têm em relação ao mesmo, o que por si só, já gera instabilidade entre o grupo.

JUPITER’S LEGACY (L to R) BEN DANIELS as WALTER SAMPSON and JOSH DUHAMEL as SHELDON SAMPSON in episode 107 of JUPITER’S LEGACY. Cr. Marni Grossman/Netflix © 2021

Mas embora consigamos perceber (tarde) como é que os originais conseguiram os seus poderes, nunca temos grande contexto em relação a todas as personagens, sejam os mais velhos ou até dos mais novos. Como disse, há aqui uma falta de coerência no argumento porque estamos a toda a hora a sentir que falta algo da história, aquela peça do puzzle que insiste em estar perdida. Dei por mim a chegar ao fim da temporada a sentir que podia estar a ver um 2º ou 3º episódio da mesma e não o último porque realmente é quando as coisas começam a fazer sentido… mas mesmo assim sem o fazer, porque falta o background lógico que explica o que estamos a ver ao certo.

Deixa tudo em aberto, muitas questões por responder, uma sensação de que gastaram numa temporada o que facilmente faziam em 2 episódios de 1 hora e tudo isto para que eu sentisse que me podia ter ficado pelo primeiro, sétimo e oitavo episódio e via a série.

No meio deste argumento que ainda se deve estar por encontrar no alento de uma renovação (que se chegar vou ficar muito surpreendida!), as personagens não ganharam o ímpeto necessário que esperávamos que tivessem. Nos tempos que correm em que temos tantas séries de super heróis com tantas temáticas diferentes, faltou isso mesmo a Jupiter’s Legacy: o fator diferenciador.

Claro que aproveitaram o caminho da família, porque é disso que realmente se trata, o legado familiar. Mas não resulta sem contexto, sem bons efeitos, sem lutas bem conseguidas e acima de tudo numa base completamente teórica, em que quase que apetecia ter o botão do fast forward para a cena desenvolver mais depressa.

Queria acabar esta crítica a dizer que o final vale a pena e que anseio por uma renovação, mas por muito que o final fosse bom, se toda a estrutura não está bem montada, não vai ser o topo do edifício que vai aguentar sem cair brevemente. Péssima metáfora mas ideal para demonstrar que por muito que se adore super heróis, a fórmula tem de ser bem feita.

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