A mais recente adaptação do livro de Stephen King, IT, chegou aos cinemas com as expectativas elevadas e a promessa de pregar muitos sustos. Mas será que isso aconteceu mesmo?
A grande aposta para o final desta summer season “desastrosa” chegou-nos na forma de um filme de terror, ou pelo menos assim era esperado, com direito a antestreia no MotelX e exibição em IMAX para meter ainda mais medo.
O filme começa com uma cena que é capaz de quebrar qualquer coração quando vemos Georgie a brincar com o seu barco em pleno dia de chuva torrencial, até que o perde para um esgoto e conhece o Palhaço Dançarino Pennywise (Bill Skarsgård), como ele se apresenta com o seu ar mais inocente. Mas rapidamente se torna no monstro que é e num rasto de sangue, ficamos destroçados por uma criança tão fofa ser levada assim. Pelo menos eu fiquei.
Até que se avança no tempo, para um ano depois de Georgie ter “desaparecido”, e depressa nos apercebemos que ele já não é o único a quem aconteceu o mesmo.
Bill (Jaeden Lieberher), juntamente com os seus amigos Richie (Finn Wolfhard) Eddie (Jack Dylan Grazer), Stanley (Wyatt Oleff) e, mais tarde, Mike (Chosen Jacobs), Ben (Jeremy Ray Taylor) e Beverly (Sophia Lillis), a única rapariga no grupo – mais conhecidos por Losers – vão aventurar-se para tentar descobrir o que se anda a passar na localidade de Derry (Maine), onde eles vivem. Todas as crianças tem algo em comum: são vitímas de bullying por parte de um rapaz bastante idiota chamado Henry Bowers, para além de que não falta o drama com os pais.
É Ben, o rapaz novo na cidade que não tem amigos e que passa a vida na biblioteca, quem descobre o segredo que atormenta a vila, fazendo a ligação com o desaparecimento das vitimas mais recentes aos eventos de há 27 anos atrás, até perceber que há um padrão. Pouco depois disto, começam a ver os seus piores pesadelos associados a algo. A Pennywise.
É num imenso heroísmo que vemos um grupo de crianças não só a fazer frente aos pais e ao seu bully, como também decidem entrar dentro de um esgoto para atacar um palhaço que come pessoas, cuja história de assassinatos e violência remonta há séculos. Nada a dizer destes miúdos: se havia pessoas para fazer “frente” a este palhaço, eram eles, que firmemente se aguentaram no spotlight que podia ser rapidamente desviado deles.
Por falar em Bill, acho que se há terror neste filme, muito se deve a ele e à sua representação espetacular de Pennywise, porque para além de meter medo, o pouco tempo que ele aparece, torna tudo muito mais intenso. Apesar de eu ter gostado bastante da parte mais de comédia por parte dos putos quando mandam aqueles insultos uns aos outros sobre o tamanho dos seus orgãos genitais, etc., porque é normal na idade deles, eu gostava de me ter “assustado” muito mais do que me assustei. Que foi quase nada. E acreditem que se eu digo isto, é estranho, tendo em conta que sou medricas. E visto que eu me ri bem mais do que me assustei, não consigo qualificar a 100% o IT como um filme de terror… Pelo menos não do tipo que assusta as pessoas e te faz saltar da cadeira. Mas sim um terror que mexe com a tua cabeça e que te deixa boquiaberto.
Houve até uma cena que chegou a ser gravada sobre o passado de Pennywise, antes de ele se tornar num monstro, mas não a vemos já neste filme mas Bill Skarsgard descreveu-a como “perturbadora” e é algo que gostava muito de ver explorado numa segunda parte.
Andy Muschietti não se pode dizer que esteve mal, porque não, não esteve. Até conseguiu equilibrar bem os dois mundos, digamos, o real e o de Pennywise debaixo do esgoto. Houve momentos particularmente interessantes ao longo do filme, fosse pequenos pormenores que facilmente podiam ter escapado como também toda a envolvente. Sim, como eu disse acima, eu fiquei de boca aberta muitas vezes por estar tão creepy o filme, e isso foi bom e talvez o terror seja compensado assim, mas continuo a dizer que gostava muito mais de ter visto o palhaço. C’mon, ele está demasiado espetacular para aparecer tão pouco.
Mas depois temos o lado agridoce… Ele aparece até bastantes vezes se pensarmos bem (escondido, transfigura-se nas pessoas…) e se ele aparecesse ainda mais, se calhar não íamos gostar tanto do filme.
Foi também bastante interessante ver também algumas referências aos New Kids in The Block, ou até mesmo de estar em exibição o A Nightmare on Elm Street 5 numa das cenas em que vemos o cinema. Less is more, e pequenos pormenores fazem a diferença.
Continuo a dizer que acho que o Stephen King tem uma mente brilhante no que toca aos livros deles, e não duvido que IT tenha sido minimamente bem contado. Agora, ainda mais, quero ler o livro não só porque vem aí uma segunda parte mas também para perceber o que é que o filme não tem que pode ajudar a contar a história ainda melhor.
Gostava mesmo muito que este filme fosse nomeado para algo nos Óscares. Acho que é merecedor.
Mas digo-vos uma coisa: Não gostava nada de ter o Bill ao meu ouvido a sussurrar “You’ll float too.”
2 comments
Muito bom 👍🏼
Obrigada, Margarida! 😀