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I’m your Woman: Uma Emancipação Demorada

by The Golden Take

Uma mulher verá a sua vida virada ao contrário neste “I’m Your Woman”, o novo drama de Julia Hart.

Apesar do ano atípico, a realizadora Julia Hart teve uma agenda preenchida. Para além da estreia em Setembro no Disney+ do seu filme de adolescentes “Stargirl”, agora chega-nos o seu lado mais maduro com este “I´m Your Woman”

Neste seu novo filme, Hart conta a história de Jean (Rachel Brosnahan), uma mulher de casa que vê a sua vida virada ao contrário quando o marido lhe entrega um bebê, afirmando que aquele será a criança deles. Quando a meio da noite o marido não volta a casa, Jean vê-se numa fuga constante com o bebé ao colo ajudada por Cal (Arinzé Kene), um guarda-costas que lhe vai revelar mais sobre o marido do que o que ela estava à espera. 

Numa altura social em que se vê uma nova forte vaga de emancipação feminina, este “I´m Your Woman” é mais uma entrada no mundo do cinema que leva como estandarte esse movimento. 

© Courtesy of Amazon Studios

Nesta película, vimos durante 2 horas o crescimento interno de uma mulher, vinda de um ambiente familiar retrógrada e pouco saudável, para no final se transformar numa mulher independente e senhora do seu próprio futuro. 

Toda esta mudança é executada na perfeição por Rachel Brosnahan, que carrega aos ombros não apenas o peso da história da sua personagem como o peso do filme todo. Com mudanças subtis e um carisma natural, Rachel faz da sua Jean uma modelo para o espectador e torna-se uma protagonista infinitamente amável e à qual desperta uma compaixão imensa desde o primeiro minuto. 

De facto, todo o elenco oferece óptimas interpretações, ainda com especial destaque para Arinzé Kene, que faz do seu Cal uma âncora importante para a nossa protagonista e a sua presença é palpável como uma figura paternal e que se assemelha a um anjo da guarda para Jean. 

No lado dos bastidores, Julia Hart desenha um filme calmo e ponderado, com uma forte componente visual e que cumpre o intuito de levar o espectador nesta viagem perigosa à linha mais obscura do ser, tanto do mundo criminoso exterior como da revolta interior da protagonista. 

Porém, “I’m Your Woman” peca largamente no seu ritmo. Apesar da sua história intrigante e recheada de mistério, a atenção do espectador rapidamente começa a dispersar-se devido ao facto de os momentos de revelação e de acção serem demasiado espaçados, com grandes porções de tempo de antena a serem dedicados a tarefas mundanas que Jean tem de fazer com o bebé. 

© Courtesy of Amazon Studios

Não uma, nem duas, mas sim três vezes – estas são as vezes que o espectador é deixado a sós com Jean e o seu bebé numa casa algures, para vê-los a comer, fazer tarefas domésticas ou, simplesmente, passear. Sem, no fundo, existir qualquer progressão de enredo ou da personagem. 

Devido a isto, o interesse pelo desvendar do mistério em volta da vida do seu marido decresce rapidamente e, quando os momentos de acção nos arrombam como uma lufada de ar fresco, são demasiado curtos e seguidos de largos compassos de espera que não contribuem em nada para o desenrolar da história. 

No fundo, “I’m Your Woman” facilmente poderia ter-se tornado um dos filmes mais interessantes do ano – não apenas pelo seu enredo de intrigas como pelo peso subliminar da sua história de emancipação feminina. 

Apesar de uma excelente interpretação por parte de Rachel Brosnahan, o ritmo dedilhado com demasiada lentidão e uma conclusão pouco satisfatória faz com que este “I´m Your Woman” não chega a atingir as alturas que prometia o seu conceito. 

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