A Netflix prometeu e continua a cumprir. “I Care a Lot” é o filme desta semana que conta com Rosamund Pike no papel de uma tutora. A atriz acaba por surpreender novamente mas não é a única surpresa do filme!
Sou honesta, desde que vi o trailer de I Care a Lot que sabia que precisava de ver este filme porque não só o argumento tinha uma premissa interessante, como ia contar com Rosamund Pike que, convenhamos, desde que me cruzei com ela a primeira vez em Gone Girl, não tem parado de surpreender desde então.
Eu já tinha esse papel dela no filme com Affleck como um dos meus preferidos dela, senão mesmo o preferido. Mas depois de ver este novo thriller/crime/drama/comédia, fiquei simplesmente rendida.
Sem mais rodeios, o filme acompanha Marla Grayson, uma tutora que é nomeada pelo Tribunal sempre que (neste caso) um idoso não seja capaz de tomar conta de si próprio. Mas com a tutela de dezenas de idosos, vamos percebendo que faz tudo parte de um esquema para que ela se possa apropriar dos bens deles e enriquecer à conta deles com o disfarce de que lhes está a dar os cuidados que merecem. Até que arranja maneira de ter a tutela de Jennifer Peterson, uma idosa rica e sem família, mas as coisas acabam por correr de forma inesperada e o que era uma oportunidade, torna-se num grande enredo.
E é mesmo por aí que vou começar. O argumento é super interessante e gostei do facto de que, em conjunto com a realização, conseguiu chamar a atenção constantemente com diversos momentos de tensão. Para além de que senti que é daqueles filmes em que não consigo simplesmente indicar o vilão da história, porque assim que o suposto “vilão” aparece, nos apercebemos que nem pela Marla estamos a torcer e, como tal, acabamos por nos sentir neste limbo o filme inteiro. E claro que há sempre coisas que poderiam ter sido melhor exploradas e até chega a um momento que sabemos que já está a ir por caminhos que podem cair no exagero mas regra geral, acho que não só contou bem a história como acabou de uma forma fantástica para o que nos foi apresentado ao longo de 2 horas.
Se o argumento é interessante, é preciso uma boa protagonista para o levar a cabo da melhor forma e que excelente escolha foi a nossa Rosamund. A sério, ela é perfeita para o papel de Marla porque não só tem aquele ar angelical, afirmando que se preocupa muito e que quer o mulher para os seus tutelados, como depois tem toda uma inteligência e racionalidade que lhe permite lucrar com os mais diversos acordos e estratagemas que vai tendo, fazendo dinheiro em barda porque ela só quer ser rica, como refere algumas vezes no filme. Não me admirava nada se a víssemos a ganhar o Golden Globe ou a ser nomeada para um Óscar. Quem sabe, ficamos à espera.
Quem também me surpreendeu foi Peter Dinklage, que aqui tem um papel totalmente diferente do que nos habitou em Game of Thrones. As cenas que tem com Rosamund são fantásticas mas ele também se destaca sozinho e, fazendo parte aqui de um grande enredo, convenve-nos com a sua interpretação. Temos também Eiza González, que podem conhecer de Paradise Hills ou Baby Driver, que é a namorada (vou-lhe chamar assim) de Marla e que também trabalha com ela. Elas têm uma química muito boa, especialmente quando decidem enfrentar tudo e todos juntas. E claro, não posso deixar de mencionar Dianne Wiest que interpreta Jennifer Peterson de uma forma totalmente cativante, tendo cenas muito boas com Pike!
A nível visual, o filme também agarra muito a atenção porque embora não tenha assim nada de cores muito exuberantes, tem uma paleta que é sóbria mas que se enquadra perfeitamente neste esquema todo que se esconde por detrás de sorrisos e simpatia para com quem Marla se preocupa.
Para além de que a nível de realização, temos um trabalho fantástico de J Blakeson, que nos foi guiando pela narrativa com momentos mais tensos, outros mais a puxar por um humor mais negro mas apresentando-nos sempre aqui uma mensagem muito direcionada para tudo o que já mencionei: todo o capitalismo que há, especialmente em volta de pessoas mais vulneráveis. Até é estranha a sensação com que ficamos ao assitirmos a tudo o que Marla faz e como o faz.
Também gostei particularmente da banda sonora porque é diferente do que estamos habituados e consegue, em momentos chave, impactar-nos da melhor forma através do ritmo que a música tem ou da sonoridade da mesma.
Eu sei que ainda vamos em fevereiro mas vou ousar dizer que I Care a Lot é uma das melhores produções que a Netflix nos ofereceu até agora porque não só é super agradável de se ver, como o argumento é interessante e com mensagens importantes, a realização está on point e os atores também estão fantásticos. É sem dúvida um filme que devem espreitar na plataforma no dia 19 de fevereiro!