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Harry Potter and the Chamber of Secrets: Inimigos do Herdeiro, cuidado!

by João Pedro

O canal Hollywood transmite hoje, dia 7 de junho de 2020, “Harry Potter and the Chamber of Secrets”, o segundo filme da saga do jovem feiticeiro da cicatriz em forma de raio. Assim sendo, dedico então umas quantas linhas à longa-metragem, numa breve opinião pessoal. 

“Harry Potter and the Chamber of Secrets” deixa para trás todas as explicações sobre os fundamentos básicos da magia, e mergulha rapidamente numa aventura mais sombria e assustadora do que se viu no primeiro filme.

A obra está repleta de invenções e novas ideias, e Hogwarts parece expandir-se, diante dos nossos olhos, num mundo suficientemente grande para esconder segredos inimagináveis.

Embora o jovem Harry Potter seja o personagem principal, o filme quase que faz ecoar a idade de ouro do cinema, quando os personagens secundários eram, idealmente, tão ou mais importantes que o herói espelhado.

A história incide em enredos pessoais, e até em alguma excentricidade, cujo o pináculo não promete glorificar um super-homem que esmaga a narrativa com o seu peso egoísta.

Harry (Daniel Radcliffe) está mais alto e sua voz é mais profunda. O melhor amigo, Ron (Rupert Grint), flutua entre gritos estridentes de pânico e murmúrios ameaçadores. Hermione (Emma Watson) também está de regresso, para administrar alguma clareza e perspicácia ao grupo.

Uma espécie de entidade maléfica vagueia pela escola, e está relacionada com um local repleto de segredos. Harry encontra-se no centro da ação, quando começa a ouvir vozes estranhas.

Agora, os desafios que os três amigos enfrentam são mais complexos do que nunca. De facto, os mistérios em Hogwarts são tão intensos que até o professor Dumbledore, extremamente poderoso, parece estar ameaçado. A solução pode mesmo passar pelo encerramento da escola.

© 2002 Warner Bros. All Rights Reserved. Harry Potter Publishing Rights/J.K.R

Hagrid (Robbie Coltrane) não recebe tanto destaque, embora tenha um papel importante, e até de maior relevo para a história em si. Dumbledore (Richard Harris, no seu papel final) e McGonagall (Maggie Smith) tornaram-se figuras estabelecidas. Snape (Alan Rickman) fica na retaguarda, e Sprout (Miriam Margolyes), que ensina a temática de herbologia, é uma adição bem-vinda. Gilderoy Lockhart (Kenneth Branagh), também se junta à equipa, e é um charlatão em toda a sua génese.

O designer de produção é Stuart Craig, que já tinha trabalhado no primeiro filme. Ele criou um mundo totalmente maravilhoso, e até os mais ínfimos recantos do ecrã são intrigantes (a partida de Quiddich parece ainda mais tridimensional).

“Chamber of Secrets” é colorido, rico em detalhes e a banda sonora de John Williams nunca é intrusiva. O falecido Richard Harris brilha na pele de Dumbledore, mas é possível captar a fragilidade na voz do ator.

A exposição reduzida permite um ritmo mais rápido, mas o filme dura mais de cento e sessenta minutos, e é o mais longo da saga, por isso é um pouco prolongado em alguns momentos.

Não obstante, a narrativa mais progressiva e a presença de várias peças interessantes, e de maior escala, garantem que o filme nunca aborreça desmesuradamente.

Os efeitos visuais surgem de forma bastante plausível, exceto alguns CGI fracos. É um filme de transição sólido e divertido, que nos prepara para uma viagem às histórias mais sombrias do mundo “Harry Potter”.

O ritmo da câmara é rápido, e o argumento captura praticamente todos os pontos principais do romance. Por vezes, a exposição é tão rápida como conveniente, e, por isso, surgem algumas falhas.

Photo by Peter Mountain – © 2002 Warner Bros. All Rights Reserved. Harry Potter Publishing Rights ©J.K.R.

É normal. O resultado de tentar amontoar trezentas e quarenta e uma páginas altamente detalhadas numa obra com menos de três horas, nunca poderia ser perfeito.

Adicionalmente, para além dos fatores ligados à magia, é possível evidenciar algumas semelhanças entre o enredo e o mundo real. A ideia de vilões escondidos é cada vez mais exequível no nosso quotidiano.

Na minha ótica, o filme consegue enfatizar uma mensagem bonita da história, que é, pelo menos, a que eu gosto de guardar.

Inexoravelmente, recorda que devemos prezar o amor, a amizade ou respeito por qualquer tipo de pessoa, como o descendente de alguém que consegue comunicar com serpentes, um “meio sangue”, ou alguém com perspetivas de vida opostas à nossa.

A presença da Fénix, que morre e ressurge das cinzas, introduz uma metáfora poderosa na saga. Para auxiliar esse ponto de vista, temos também a figura de Dumbledore, a autoridade sábia, que renuncia ao cargo, mas que permanece disponível para os heróis, com um poder que os pode ajudar se eles honrarem os valores importantes da viva.

O símbolo do vilão é, obviamente, uma serpente, que será vencida por um herói cuja arma aparece durante um ato de fé e coragem.

Esta mudança de tom, levemente mais séria, sinalizou a maturidade que a franquia apresenta. “Chamber of Secrets” é uma aventura emocionante, que supera o seu antecessor de todas as formas possíveis.

“Harry Potter and the Chamber of Secrets” será transmitido hoje no canal Hollywood, a partir das 22h.

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