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Filmes que o Natal Adotou

by Francisco Barreira

O Natal está a aproximar-se a passos largos. Cada vez vemos mais as cores e sentimos mais os cheiros que marcam as festividades familiares pelas quais esperamos o ano inteiro. Na televisão, cada vez mais se pode ver uma programação Natalícia, que inclui inevitavelmente muitos daqueles filmes que são inalienáveis a esta época. Laços familiares, histórias de amor e atos de compaixão inundam os ecrãs nestas semanas, mas nem todos os filmes que nos aconchegam no Natal retratam as festividades.

Aqui ficam algumas sugestões de filmes que o Natal adotou, sem os quais esta quadra não teria o mesmo sabor.

  • Jumanji (1995)

Uma aventura para aqueles que procuram deixar o seu mundo para trás. Este é o slogan de um dos mais queridos filmes de aventura para toda a família. E o Natal é também isso, uma altura de largar os problemas que nos assolaram ao longo do ano e celebrar o que de bom existe nas nossas vidas. Neste clássico de Joe Johnston, uma criança chamada Allan descobre um misterioso jogo de tabuleiro e decide experimentá-lo com a sua amiga Hannah. Quando Allan faz a sua jogada, acaba por ser sugado para um mundo de fantasia e a sua amiga.

Após 26 anos, dois órfãos encontram esse mesmo jogo no sótão da sua nova casa e, ao rolar os dados, libertam para o mundo um batalhão de animais, que incluem mosquitos gigantes e o próprio Allan, que tinha ficado preso dentro do jogo todo esse tempo. A cada jogada, mais perigos são lançados sobre os jogadores, tornando a sua missão de acabar o jogo mais complicada. Mas o jogo tem de ser terminado, pois essa é a única maneira de retomar a normalidade.

O carismático Robin Williams traz toda a alegria à personagem que interpreta (Allan), sendo sem sombra para dúvidas, o grande destaque de um filme que marcou toda uma geração.

  • Harry Potter and the Sorcerer’s Stone

Pode-se facilmente argumentar que toda a saga Harry Potter tem aquele cheirinho a Natal, muito por causa da relação de camaradagem entre os três protagonistas. No entanto, nenhum invoca mais este sentimento que Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, o inaugural filme do que se veio a tornar uma das mais amadas sagas da história do cinema.

Após a Morte dos seus pais, Harry é adotado pelos seus tios, que fazem questão de o relembrar constantemente que ele é apenas um fardo para eles. A sua vida muda quando recebe uma, aliás, várias cartas de Hogwarts, uma escola para mágicos. É aí que Harry (Daniel Radcliffe) conhece Ron Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson), seus fiéis companheiros que o ajudam a integrar-se num local onde é reconhecido por todos como aquele que sobreviveu a um ataque de Vol…, de um colega de profissão.

Ao longo do filme, os três descobrem que existe um plano para usar a Pedra Filosofal, um objeto mágico capaz de garantir a imortalidade, para trazer Voldemort de volta à sua forma e têm de ultrapassar uma série de indesejáveis desafios para descobrir quem está por detrás desse plano.

Há poucos filmes que invocam tanto a magia do Natal como Harry Potter and the Sorcerer´s Stone, sem dúvida uma escolha que vai agradar tanto aos mais pequenos como àqueles que fingem só querer ver por causa dos mais pequenos.

  • The Sound of Music

O Natal e a música coexistem como o Mel Gibson e um bom Whisky. Assim o exige uma época caracterizada pelo calor da confraternização. E de espírito familiar está o The Sound of Music repleto. Passado durante os anos 30 numa Áustria que viria pouco depois a ser tomada pelos alemães, George Von Trapp (Christopher Plummet) é o pai de 7 crianças que vivem numa mansão onde apenas podem contar com eles próprios.

Devido às prolongadas ausências do patriarca e ao facto de a sua mãe já ter falecido, as crianças entreajudam-se e tentam proporcionar algum do amor que há muito não recebem de mais ninguém. Os 7 revoltam-se constantemente contra as amas que Von Trapp contrata para os supervisionar, tratando-as sempre de forma hostil. O mesmo acontece quando Maria (Julie Andrews) chega à mansão. Apesar de todo o seu carinho pelos 7, é repetidamente alienada, mas a sua personalidade afetiva e carinhosa acaba por conquistar não só as crianças, mas também o próprio Von Trapp.

Sempre acompanhado por icónicos momentos musicais, esta simples história ilustra a importância do papel da família na formação dos mais jovens. Não há mansão nem riqueza que possa substituir o amor de família e é esta a mensagem de The Sound of Music. E é por essa razão que não há melhor altura para ver este clássico do cinema do que no Natal.

  • You´ve Got Mail

O que acontece quando David e Golias se conhecem numa sala de chat online? Kathleen Kelly (Meg Ryan) é a proprietária de uma livraria local, que pertence à família há gerações e tem por hábito passar algum do seu tempo em salas de chat online. É aí que “Shopgirl”, nome que utiliza online, conhece “NY152”, que é na realidade Joe Fox (Tom Hanks), dono de Joe Books, um império de livrarias.

Os dois começam a criar laços de afeto online, apenas mantendo em segredo as suas verdadeiras identidades. Um dia, Joe decide entrar na loja de Kathleen e acaba por conversar com ela. Omitindo o seu apelido, ele ouve as suas preocupações em relação à nova loja que Joe acabara de inaugurar, considerando o impacto que poderia ter na sua pequena livraria. De forma hábil, o guião permite uma rivalidade entre os dois protagonistas na vida real, enquanto fomenta a sua relação através de correspondência virtual.

Foi assim que Nora Ephron tentou reproduzir o sucesso que teve com Sleepless in Seattle, que também contou com Tom Hanks e Meg Ryan, sendo que em You’ve Got Mail Nora optou por exibir uma maior interação entre os seus protagonistas, que aqui contracenam com maior frequência. A forma como se apresenta, exibindo Kathleen e Joe a caminharem nas mesmas ruas, a frequentarem as mesmas lojas sem nunca se encontrarem, acentuou a mensagem que o filme se propôs transmitir, que alguém por quem já passaste na rua, pode ser o amor da tua vida.

  • Coco

Coco foi a principal aposta da Pixar para o ano de 2017, uma que se provou vencedora quando o filme foi, de forma expectada, galardoado com o Óscar para melhor filme de animação. Pode parecer esquisito um filme tão recente fazer parte de uma lista onde se celebram filmes que nos acompanharam a maior parte das nossas vidas, especialmente quando existem tantos filmes de animação que tendem a brilhar nesta altura do ano. No entanto, passados apenas 3 anos do seu lançamento, é já quase impossível não encontrar Coco na programação dos dias que circundam o Natal.

O protagonista desta história é o pequeno Miguel, uma criança que é obcecada pela música num seio familiar onde a música foi banida há muito. Coco centra-se em redor do dia dos mortos, um feriado no México no qual as famílias se reúnem para celebrar a vida dos seus entes que já partiram para o mundo dos mortos, representado alegoricamente de uma forma bem viva e cheia de alma. Quando Miguel tenta roubar a guitarra do seu falecido ídolo Ernesto de La Cruz, vê-se preso numa espécie de limbo, tornando-se invisível para todos menos para as almas que visitavam o mundo dos vivos pela altura do dia dos mortos. Ao encontrar alguns dos seus já falecidos relativos, Miguel é levado para o mundo dos mortos, e lá descobre que terá que de voltar para a sua antiga realidade até ao amanhecer, sob pena de passar a ser ele próprio considerado um morto.

A viagem que se segue por este fantasioso mundo é uma sucessão de peripécias muito ao estilo da Pixar, que combina ambientes mágicos e coloridos com uma história muito rica em humanidade. A exploração do significado de família e de tradição tornam Coco num dos principais filmes a ver neste Natal.

  • Lord Of The Rings

No papel, a trilogia Lord of the Rings tem tudo para não ser associada ao Natal. Um exército de orcs e outras forças malignas deixam um trilho de morte e medo na sua incansável busca por um anel, cujo poder permitirá ao seu mestre Sauron dominar por completo a Terra Média. Seguramente não foi obra da mesma mente que nos trouxe Love Actually.

As esperanças de restaurar a paz recaem então num grupo de 9 corajosos indivíduos, de raças e origens diferentes, que aceitam pôr as suas diferenças de lado para travar uma ameaça comum. Ao longo desta épica aventura, alguns caem, outros juntam-se aos nossos heróis, mas o seu espírito e determinação nunca os abandona, mesmo quando a morte parece o melhor cenário.

Muitas vezes se diz que a magia dos livros se perde na sua adaptação à grande tela. Lord of the Rings, obra lançada por J. R. R. Tolkien na década de 50, é a exceção à regra. Peter Jackson arquitetou uma Terra Média com duas faces: uma cheia de vida, calma e amistosa representada no Shire e nos domínios dos Elfos e outra mais escura e podre como Mordor. O resultado foi um mundo que conquistou tudo e todos, unindo audiências e críticos como poucos conseguiram. A prova disso são os 17 óscares e 30 nomeações que foram atribuídos à trilogia.

O que será que nos compele a ver Lord of The Rings nesta altura do ano? Será o sentido de Irmandade? Talvez o espírito de aventura? Ou a magia da Terra Média? Talvez seja tudo isso, mas o que interessa é que estamos a chegar o Natal e isso significa Frodo e companhia.

  • The Grand Budapest Hotel

Geralmente não é preciso muito tempo para nos apercebermos que estamos perante um filme de Wes Anderson. O seu estilo muito próprio de direção e fotografia denunciam o autor de uma forma gritante. The Grand Budapest Hotel não é exceção. A partir do momento em que somos transportados para o interior do fictício hotel, a simetria, a meticulosa apresentação e a atenção ao detalhe são bastante evidentes. Tudo no cenário é limpo e organizado, de tal forma que pode ser perfeitamente considerado conteúdo pornográfico para aqueles que são obsessivo-compulsivos. Um guarda roupa sempre exuberante e um diálogo extremamente polido completam o quadro que Wes Anderson pintou sobre o fictício país que denominou de Zubrowka.

The Grand Budapest Hotel acompanha a história de Zero Moustafa (F. Murray Abraham), atual dono do estabelecimento, enquanto este conta as peripécias que viveu desde que começou a trabalhar no hotel como lobby boy (uma espécie de faz tudo aprendiz). Ao longo de pouco mais de 90 minutos, Zero relembra tudo o que o icónico estabelecimento lhe deu, desde o grande amor da sua vida, Agatha (Saoirse Ronan), até Gustave (Ralph Fiennes), o concierge que lhe ensinou tudo o que sabe e que lhe incutiu o verdadeiro espírito do Grand Budapest Hotel. Este é uma figura incontornável no mundo de Zero, atuando como um autêntico pai, que o guia ao longo de todo o seu percurso. Com um tom ligeiro e aconchegante, quase digno de uma tradicional fábula, The Grand Budapest Hotel tem um inegável sabor a Natal.

  • Groundhog Day

Na pequena vila de Punxsutawney, no estado de Pensilvânia, está a chegar um dos grandes eventos do ano, o Groundhog Festival. Destacado pelo quarto ano consecutivo para cobrir o evento é o conhecido meteorologista Phil (Bill Murray). Egocêntrico, carismático, rude e mulherengo, é uma constante fonte de problemas. O seu comportamento de diva confere instabilidade ao seu trabalho, tornando-o imprevisível para os seus colegas de profissão.

O relógio marca 6 da manhã quando Phil acorda ao som de I Got You Babe, do dueto Sony & Cher, e do noticiário, dominado pelo antecipado festival que tem lugar nesse mesmo dia. O meteorologista leva a cabo a rotina que havia planeado, mas após o término do evento vê-se impossibilitado de regressar a Pittsburgh. Ignorando os pedidos dos seus colegas, Phil prefere passar o resto da sua noite sozinho.

O relógio marca 6 da manhã quando Phil acorda ao som da mesma música e do mesmo noticiário. Ao fim de pouco tempo, percebe a alhada em que está metido. Ele está a reviver o mesmo dia que julgava ter deixado para trás. Á medida que o fenómeno se repete, Phil vai-se lentamente apercebendo dos seus defeitos, e embarca numa jornada de introspeção e auto melhoria que acaba por transformar não só a sua vida, como também as dos que o rodeiam.

Groundhog Day é, no seu núcleo, um apelo a olharmos para nós próprios, para os nossos defeitos e comportamentos.

  • Star Wars

Por muito estranho que pareça, a saga Star Wars não está muito presente nos nossos ecrãs pela altura do Natal. Decerto haverá muita gente a ver um ou mais destes apaixonantes filmes durante esta quadra, como há em qualquer altura do ano, mas tal não se reflete na programação natalícia. Mas desengane-se quem pensa que isso significa uma fraca conexão entre os dois. A presença pode ser escassa no ecrã, mas o mesmo não se verifica na grande tela. Desde A Force Awakens, todos os filmes da saga estrearam em dezembro, à exceção de Han Solo:  A Star Wars Story. Há anos que os fãs estão habituados a passar estes dias com Star Wars bem presente nos seus pensamentos. Estes não foram filmes que o Natal adotou por carinho, como foi o caso com os restantes que constam desta lista, foi sim uma adoção que a Disney forçou por motivos financeiros (haverá melhor altura para vender merchandising?). De qualquer modo, a verdade é que todo esse esforço parece estar a resultar, e com a saga a crescer a um ritmo cada vez mais acelerado, será de esperar que cada vez vá ganhando mais espaço no nosso Natal.

  •  Die Hard

A eterna discussão: é Die Hard um filme de Natal ou não? Inúmeros artigos foram escritos para defender os dois lados, com autênticas batalhas campais a serem disputadas na secção de comentários. Nem sequer as principais figuras concordam. Para Steven De Souza, um dos guionistas, Die Hard é absolutamente um filme de Natal, enquanto que Bruce Willis, apesar de num contexto descontraído, declarou o oposto. A verdade é que o filme se passa durante a época natalícia e conta com uma banda sonora apropriada à altura. Para além disso, para o assalto resultar, foi essencial a presença de todos os funcionários no mesmo espaço, o que aconteceu sob o pretexto da festa de Natal da Nakatomi Trading.

Para contrabalançar os argumentos favoráveis, temos de considerar o excesso de violência, armas, morte e sangue representados em Die Hard, traços poucos comuns num típico filme desta altura do ano. É ainda de salientar que o Natal não tem grande relevância na história, aliás, os funcionários poderiam estar todos reunidos por diversas razões.

Independentemente de tudo isto, o facto é que Die Hard é sempre metido ao barulho quando o Natal se aproxima, nem que seja apenas pelo meio desta interminável discussão.

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