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Filmes que nos dão Música #3: Kiss From a Rose – Seal

by The Golden Take

Falta de confiança, interpretações dúbias e um renascimento ao nível de poucos … esta é a fantástica história de Kiss from a Rose de Seal, que fez parte do filme Batman Forever (1995)!

Filme: Batman Forever

Em 1987, Seal teve a sua primeira audição. O jovem londrino tinha ideia do seu potencial e queria mostrá-lo ao produtor Trevor Horn.

Seal levou para o encontro com o produtor uma cassete com dois temas. Um dos temas era Crazy, o primeiro grande êxito da carreira do cantor. O tema iria fazer assim parte do álbum homónimo “SEAL” de 1991. O álbum teria outro grande single. Falamos de Killer, um tema original do Dj Adamski e que Trevor achou que ficaria melhor com a voz de Seal.

A critica aclamou o álbum, dizendo mesmo que era uma lufada de ar fresco no que à Dance Music diz respeito. Este teve imenso sucesso em Inglaterra, algum na Europa e apenas relativo sucesso nos Estados Unidos.

Voltando a 1987, quando estava a compor as músicas para mostrar nas audições, Seal escreve e grava Kiss from a Rose…Mas este sente vergonha, achando a música demasiado “lamechas” comparada com as duas que levou. Assim, decide abandoná-la.

Após o sucesso do primeiro álbum Trevor e Seal vêem-se num bloqueio criativo, então o artista ganhou coragem e mostrou Kiss from a Rose pela primeira vez. Trevor não queria acreditar como Seal nunca lhe tinha mostrado a musica, visto que segundo ele, estava perante um autêntico hit.

A versão que Trevor ouviu era bastante rudimentar, mas este empregou toda a sua experiência no tema, e o próprio Seal admitiu numa entrevista de 2015 que a música é quase exclusivamente do produtor, visto que todo o arranjo e partes instrumentais foram regravadas, tornando-o bastante diferente da cassete.

Chega então em 1994 um novo álbum, Seal II (originalidade…), e o single de lançamento é Prayer for the Dying que chega ao top 25 dos Estados Unidos. O terceiro single do álbum seria então Kiss From a Rose, mas este não teve o sucesso desejado e havia mesmo alguma polémica em relação à letra, pois muitos levaram como uma ode a drogas pesadas, sobretudo nesta parte:

“But did you know that when it snows

My eyes become large and the light that you shine can be seen?

Baby, I compare you to a kiss from a rose on the grey

Ooh, the more I get of you, the stranger it feels, yeah

Now that your rose is in bloom

A light hits the gloom on the grey”

Onde Snow pode ser uma alusão a cocaína e o resto da letra não ajuda. O que também não ajudou foi o videoclip original da música que tem influências fortes do filme Blow-Up de 1966, onde Seal recria a cena da sessão fotográfica a Veruschka. Ter sido considerado como um roubo autêntico de propriedade (dadas as semelhanças), este tornou ainda mais o tema “lamechas” e presunçoso.

Trevor não estava conformado com tal escrutínio publico mas tinha que contentar-se com o pouco tempo de antena que a música tinha na radio e na televisão.

Entretanto a Warner, que nos Estados Unidos representava a discográfica de Seal, dava a Joel Schumacher (em substituição de Tim Burton) a realização do 3º capitulo de Batman, Batman Forever.

Ao lerem o guião e com o filme praticamente completo, os responsáveis da companhia começaram a seleccionar músicas para a banda sonora do filme. Os U2 prontificaram-se com um tema que tinha ficado de fora do seu ultimo álbum, falamos de “Hold Me, Thrill Me, Kiss Me Kill Me” e derivado do estatuto da banda, a música seria a principal. A Warner tinha a tarefa de encontrar uma música adequada para uma cena romântica entre Bruce Wayne (Val Kilmer) e a sua psicóloga a Dra.Chase Meridian (Nicole Kidman). É então que volta à cena Kiss From a Rose, que para muitos executivos assentava na perfeição para os requisitos.

Após uma votação, Kiss From a Rose é confirmada como tema da banda sonora de Batman Para Sempre. A música teve de receber uns pequenos ajustes e tinha que ser consideravelmente mais pequena do que a versão original, pois esta seria relançada como single oficial de Batman. A nova versão deixou de ter um final tão sombrio, acaba em fade (a música vai baixando de volume) e tem menos 50 segundos. Assim faltava apenas experimentar sobrepor sob a cena a que se destinava no filme.

Tudo parecia correr na perfeição até Joel Schumacher ouvir a música… o realizador apontou que esta era demasiado presunçosa e iria abrandar em demasia o ritmo do filme. Com contratos já assinados a música não poderia deixar de estar associada ao filme, e como tal, esta seria a segunda a passar nos créditos finais por ordem de Joel.

Para compensar o downgrade que a música sofreu, Joel Schumacher propõe a Trevor e Seal realizar um novo videoclip desta, onde o tema central desta vez seria o homem-morcego.

Aproveitando os habituais reeshoots, Joel Schumacher usa como cenário do videoclip o icónico Bat-sinal atrás de Seal. Numa enorme jogada publicitária, o videoclip teria tantas cenas novas do filme que mais parecia um trailer embutido de forma pouco clara, mas convém recordar que estamos a falar de uma altura pré-internet e todas as formas de divulgação tinham de ser aproveitadas.

A banda sonora chega às lojas em maio de 1995 (quase um ano depois de Seal II) e torna-se um fenómeno de popularidade. Seal chegava assim ao número 1 dos Estados Unidos, sendo das músicas mais pedidas pelos ouvintes de rádio. Teve também o condão de desbravar novos mercados para o cantor, como a Austrália e América do sul.

Em 1996, a popularidade da música faz com que Seal ganhasse os Grammys de Álbum do Ano (quase 2 anos depois do lançamento), Música do Ano e melhor performance pop do ano. A música foi considerada para as nomeações aos Óscares, mas visto que esta não era original para o filme, a nomeação tornou-se assim inválida.

O cruzamento de Batman com Kiss From a Rose será sempre o ponto de viragem da carreira de Seal, tornando-o num nome incontornável da música Soul e garantindo-lhe a popularidade a nível mundial!

Já em relação ao filme, este foi um sucesso de bilheteiras mas completamente ostracizado pela crítica. Seria mesmo o primeiro “prego para o caixão” que culminou com o malogrado reboot de Christopher Nolan.

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