E, se ontem foi Clint Eastwood, hoje é a vez de Morgan Freeman apagar as velas do bolo. Freeman é um dos atores mais respeitados em Hollywood. A sua voz profunda é como um ícone do cinema, a juntar a um vasto leque de performances sublimes.
Em jeito de homenagem ao octogésimo terceiro aniversário do ator, deixo aqui alguns dos meus filmes preferidos que contam com o seu trabalho.
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“Glory” (1989)
“Glory” é, a meu ver, um filme incrível e poderoso. O filme espelha a linha entre ser importante e divertido de maneira brilhante, e o papel de Morgan Freeman é fundamental para fortalecer essa ideia.
O enredo é baseado na história verídica do 54º Regimento de Infantaria de Massachusets. As suas ações, levaram o presidente Lincoln a reconhecer publicamente a importância decisiva do seu contributo para a vitória das forças Unionistas.
Embora todos os atores do filme tenham bons desempenhos, não admira que tenham sido os dois protagonistas afro-americanos, isto é, Morgan Freeman e Denzel Washington, a auferir maior destaque.
Washington ganhou o prémio merecido da Academia, pela sua performance de soldado desiludido sob o comando da personagem retratada por Mathew Broderick. Em contrapartida, teria sido perfeitamente aceitável se Freeman tivesse arrecadado também um Oscar.
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“The Shawshank Redemption” (1994)
Andy Dufresne (Tim Robbins) é um banqueiro acusado de ter assassinado a mulher e o amante que ela tinha. Na prisão, conhece Ellis Boyd ‘Red’ Redding (Morgan Freeman), que surge como narrador da história. O diretor da cadeia não é flor que se cheire, mas Andy acaba por conquistar o respeito dos companheiros.
“The Shawshank Redemption” é um dos trabalhos mais envolventes e impressionantes da carreira de Frank Darabont. O filme é baseado em “Rita Hayworth and Shawshank Redemption”, livro que Stephen King fez lançar em 1982.
Este inspirador e edificante produto à moda antiga de Hollywood (parecido com “The Birdman of Alcatraz” e “Cool Hand Luk”), é uma obra dramática que assume também o papel de estudo de personagens.
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“Se7en” (1995)
No seu segundo filme, David Fincher estabeleceu firmemente um estilo cinematográfico sombrio, elegante e temperamental que o prometia definir para sempre.
Ambientada numa cidade constantemente inundada por chuva, a longa-metragem apresenta um detetive veterano (Morgan Freeman) a fazer equipa com um novato (Brad Pitt), para capturar um assassino que mata as suas vítimas no estilo dos sete pecados capitais.
Elegante e inteligente em igual medida, “Seven” mantém-nos colados ao ecrã, através das suas reviravoltas perturbadoras e uma atmosfera sombria, até o final chocante.
É uma mistura excelente de arte, que provou que Fincher é mais do que apenas um realizador para a MTV.
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“Amistad” (1997)
O que é a liberdade? Como é que se determina quem é livre? Em 1839, estas perguntas eram mais difíceis de responder do que são agora. No entanto, os erros do passado devem sempre ser examinados para corrigir as situações atuais.
Este filme tem vinte e dois anos, a minha idade. Lembro-me que foi um dos filmes que vi na escola, nomeadamente na disciplina de História, ainda em VHS. Efetivamente, marcou a minha infância, e recordo-o sempre com algum carinho.
Nesta longa-metragem, Steven Spielberg voltou os olhos para a maior vergonha da América, sobre uma revolta a bordo do navio negreiro “La Amistad”, onde um grupo de negros da tribo Mende assumiu o controlo do navio.
Posteriormente, quando o navio atraca na América, os membros da tribo são presos e acusados de assassínio. Anthony Hopkins analisa o cenário na pele do ex-presidente John Quincy Adams, que fala eloquentemente em nome dos africanos.
Embora o filme fique limitado pelos clichés jurídicos, às custas de recompensas emocionais, “Amistad” ainda continua a ser um alerta importante das causas que devemos defender.
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“The Bucket List” (2007)
“The tragedy of old age is not that one is old, but that one is young” – Oscar Wilde
Este é um filme interessante, numa perspetiva que tanto pode ser relaxada ou séria. E é nesse aspeto que reside a habilidade do realizador Rob Reiner, que garante que Jack Nicholson não apresenta um trabalho demasiado arrogante, e que Freeman não “afoga” os diálogos com a sua doçura vocal.
Edward (Nicholson) e Carter (Freeman) conhecem-se no hospital, onde recebem a informação que têm menos de um ano de vida, devido ao cancro. Eles acabam por forjar uma amizade, e criam uma lista de dez coisas para fazer antes de abandonarem esta vida.
O processo não incide num exercício obsceno de negação da morte, mas sim na celebração do amor através da amizade, independentemente do futuro sombrio.
Embora o argumento seja fraco, as performances de ambos os atores são dignas de registo. Por conseguinte, considero que é um filme que merece ser visto.