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Drácula: O Despertar do Mal – Crítica Filme

by Francisco Barreira

The Last Voyage of the Demeter, ou Drácula: O Despertar do Mal em Portugal, apresenta-se como uma oferta cinematográfica arrepiante, um conto de terror que se passa em apenas um capítulo da obra-prima de Bram Stoker, “Drácula”.

Esta fábula concentra-se na odisseia do navio conhecido como Demeter, que transporta uma enigmática surpresa da costa da Transilvânia para o único país onde a morte por exposição solar é praticamente impossível, Inglaterra. Sob a orientação diretorial de André Øvredal, o filme alcança um nível de imersão interessante, ajudado pelo confinamento cruel que o Oceano lhes impõe e pelo grupo bastante competente que inclui Liam Cunningham, Corey Hawkins, Aisling Franciosi e David Dastmalchian. Dentro dos confins escuros do Demeter, instala-se uma atmosfera de arrepiar a espinha, pontuada por acontecimentos misteriosos que levam à morte e visível mutilação de todo o gado que seguia a bordo. A lamentável escassez de alimento faz soar os alarmes aos tripulantes, que procuram descodificar a situação em que se encontram.

Drácula, O Despertar do Mal acerta nos seus primeiros passos, revelando um quadro onde o médico Clemens (Corey Hawkins) vai ao encontro de uma jovem inconsciente chamada Anna (Aisling Franciosi), que se apronta a tentar salvar através de transfusões de sangue .  Ao levá-la para junto dos restantes membros da tripulação, Clemens dá de cara com uma inesperada resistência à sua estadia no barco, com alguns inclusivamente implorando que Anna passe a fazer do Oceano a sua habitação permanente.

Fora do alcance da tripulação, uma força solitária e sedenta navega sorrateiramente pelo labiríntico navio sempre em preparação do próximo passo no seu plano de sobrevivência.

Os Marujos dividem-se então, com os supersticiosos a vocalizarem os seus receios em relação à maldição que se pode estar a abater sobre a embarcação, alguns deles culpando a presença de uma mulher a bordo do navio. O forte e robusto Demeter torna-se assim numa frágil embarcação, incapaz de lidar com uma presença que escapa à sua modesta compreensão.

Os estreitos corredores do navio oferecem o cenário ideal para as sombrias peripécias que vão tornando a chegada a Inglaterra cada vez mais improvável. Os fortes ventos e correntes adensam o ambiente, tornando-o ainda mais aflitivo. Á medida que a tripulação vai sendo alvo da fome do vampírico intruso, o capitão Elliot ( Liam Cunningham) torna-se obcecado pela sobrevivência do Demeter, que considera a sua verdadeira casa e parte alienável da sua própria identidade.

Andre Øvredal opta por pintar a sua obra com tons muito nublados, mas bastante expressivos e complementares do horror que se vive a bordo do Demeter. Se, como já apontado, os traços gerais da história são bem desenhados, é difícil de deixar passar a excessiva simplificação dos nossos bravos navegadores. Muito pouco é dado a conhecer ao espectador pelo guião escrito por Bragi Schut, impossibilitando assim o desenvolvimento de relações mais próximas entre a tripulação e a sua audiência.

Drácula, o Despertar do Mal tropeça em si mesmo com a falta de riqueza das personagens e acaba por ver o seu interesse reduzido maioritariamente ao componente de horror vivido dentro do Demeter.

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