David Prowse, o homem por trás da máscara de Darth Vader – na trilogia original de “Star Wars”, faleceu. Tinha oitenta e cinco anos.
O presente artigo contém spoilers de “Star Wars”
David Prowse faleceu no passado dia 28 de novembro de 2020. A notícia foi confirmada por Thomas Bowington, o agente do ator, esta manhã no Twitter: “É com grande tristeza para nós e para milhões de fãs em todo o mundo que anuncio a morte de Dave Prowse“.
Prowse nasceu em Bristol, a 1 de Julho de 1935. Foi culturista. Venceu o Campeonato Britânico de Levantamento de Pesos Pesados em 1962, 1963 e 1964. Posteriormente, aventurou-se no mundo da representação. O seu primeiro papel no cinema, foi dar corpo ao monstro de Frankenstein na sátira “Casino Royale”, de 1967. Em adição, antes de “Star Wars”, interpretou Julian, um guarda-costas, na adaptação cinematográfica de “A Clockwork Orange”, de Stanley Kubrick.
Para além disso, participou também em séries de culto como “The Saint”, “Space 1999” e “Doctor Who”, onde deu vida a um Minotauro, no episódio The Time Monster, ao lado de Jon Pertwee.
Em 1975, ganhou notoriedade com o Green Cross Code Man, um super-herói britânico criado para educar crianças quanto à segurança rodoviária. O envolvimento do ator na campanha, durou de 1971 a 1990. Em 2014, numa entrevista ao The Guardian, o ator recordou este trabalho como o mais valeroso da carreira:
“Muitas pessoas vão lembrar-se de mim como o vilão definitivo no grande ecrã, o Darth Vader de “Star Wars”. Mas ter sido o tipo porreiro e ter liderado a campanha Green Cross Code, ajudando a salvar milhares de vidas, foi a minha honra maior.”
Posteriormente, eis que chegava a Guerra das Estrelas. Prowse vestiu o fato de Darth Vader pela primeira vez em 1977, ao passo que James Earl Jones forneceu a voz ao personagem. Foi assim nos três filmes da trilogia original.
Com 1,80 m de altura, Prowse teve a oportunidade de escolher entre o papel de Vader ou de Chewbacca, o companheiro de Han Solo. Em entrevista à NPR, em 2008, o ator explicou o motivo pelo qual escolheu interpretar o icónico vilão: “Bom, se pensarmos em todos os filmes que vemos onde existem heróis e vilões…toda a gente se lembra do vilão.”
Prowse recebeu diálogos alternativos em “The Empire Strikes Back” e “Return of the Jedi”, para que as revelações dos filmes fossem guardadas num cofre a sete chaves. Não obstante, esta decisão teve que ver com o facto de, numa conferência de imprensa que deu antes do lançamento do Episódio V, o ator ter abordado a teoria que já tinha sobre a relação entre Darth Vader e Luke Skywalker.
Lucas não gostou. Prowse foi visto como uma “ameaça à segurança” em Empire Strikes Back. Na cena fulcral, o ator não recebeu os diálogos originais. Tanto que, na ocasião, Prowse não profere algo como “No Luke, I am your father”, mas sim “Obi-Wan Kenobi is your father. Seja como for, efetivamente, muito poucos sabiam desse segredo até ao lançamento do filme.
Mark Hamill, o ator que deu vida a Luke Skywalker, foi informado apenas na noite anterior às filmagens e, de resto, só Lucas, o produtor Gary Kurtz e o realizador Irvin Kershner é que sabiam.
Não é relevante a forma. Independentemente do facto de Prowse já saber a informação previamente, ou, em contrapartida, ter tido um palpite divino, aquela conferência de imprensa seguiu-o até ao último filme de “Star Wars”. De acordo com o livro “How Star Wars Conquered the Universe”, o ator também foi culpado de uma fuga de informação quanto à morte de Darth Vader em “Return of the Jedi”.
Por conseguinte, Prowse foi quase que afastado por completo das filmagens mais importantes, sendo que, alegadamente, foi por isso que o duplo Bob Anderson assumiu o papel em algumas ocasiões em “Return of the Jedi”. Em adição, no Episódio VI, George Lucas também optou por contratar Sebastian Shaw para a cena em que se vê a cara do homem por trás da máscara. Não era Prowse.
Surgiram desentendimentos entre o ator e o cineasta. Mais tarde, já em 2010, Prowse chegou mesmo a ser banido dos eventos oficiais da saga.
Seja como for, nada disto serve para esmorecer o legado que David Prowse deixa para a cultura, e, consequentemente, para a História. Foi o pulso firme e a figura imponente de um homem, que nos deu a conhecer um dos maiores vilões de todos os tempos. Ver as cenas de Darth Vader, em “Empire Strikes Back”, sem som, é um regalo para a vista.
A par da voz de Earl Jones, que sabemos ser divinal, a perfomance de Prowse dentro do fato é mágica. As escolhas de movimentos facultam uma presença exuberante, e a imponência do corpo fazem com que nunca nos possamos esquecer da ameaça, sempre real, que Vader simboliza para toda aquela galáxia muito distante.
“Fico muito triste por saber que o David Prowse faleceu. Ele era um homem gentil e muito mais do que o Darth Vader” – Mark Hamill.
Até à vista, velho amigo. Que a Força esteja contigo. Sempre!