“Danger Close” (Perigo Iminente) é um testemunho épico da Batalha de Long Tan, sem exageros da fórmula habitual de Hollywood, e sem desculpas através de cortes narrativos ou vínculos coloridos. Kriv Stenders criou um filme que explora valores inerentes na história de Long Tan.
“Danger Close” é ambientado em 1966. Os soldados australianos e da Nova Zelândia estão no Vietnam, em auxílio ao exército do sul contra a oposição do norte. A missão – Operation Vendetta – foi programada para ocorrer em Long Tan, depois de ter sido efetuado um ataque na base dos soldados.
No entanto, antes do início da missão, o major Harry Smith, com sérias reservas sobre o pelotão, tenta ser transferido. Todavia, este pedido acaba por ser-lhe negado e, desta feita, parte para a selva de Long Tan. Ao mesmo tempo, surge também o sargento Bob Buick, cujos subordinados não o têm em boa conta.
Ao chegarem a Long Tan, os pelotões são divididos em equipes de três. O tiroteio ocorre, e as equipas de Smith e Buick estão sob ataque constante durante horas. Por conseguinte, à medida que a batalha prossegue na plantação de borracha, Smith e Buick terão que superar obstáculos e questões pessoais para ajudar os respetivos pelotões a sobreviver.
Quando se trata de filmes baseados em factos verídicos, alguns detalhes tendem a ser um pouco saturados ou com falta de precisão histórica.
Neste caso, “Danger Close” gira em torno da Batalha de Long Tan, em agosto de 1966, e parece claro que Stuart Beattie (que trabalhou no argumento e produção do filme) efetuou uma pesquisa meticulosa na esperança de que o filme reflita uma visão precisa da batalha, que levou a Austrália e a Nova Zelândia a lutarem contra as forças norte-vietnamitas, em auxílio do sul.
Travis Fimmel lidera o elenco na pele de Harry Smith, o líder da missão que se vê em conflito com o seu pelotão. Smith não é um personagem áspero, porém, revela ter problemas de confiança e autoestima, incluindo no que toca ao facto de confiar numa equipa. Efetivamente, Smith sente-se melhor numa vertente de soldado do que na de líder propriamente dito.
Fimmel é o ponto fulcral da longa-metragem, visto que a sua personagem mede forças para enfrentar o inimigo, mas também para aprender a controlar e liderar uma equipa inexperiente.
Adicionalmente, Luke Bracey faz também uma boa prestação no papel de Buick, um sargento que, desde início, mostra a sua frustração ao ver que os soldados rasos estão mais preocupados em jogar poker do que a prestar atenção ao som dos tiros à sua volta.
Esta demonstração de desrespeito faz com que nos sintamos mais solidários com Buick do que com os soldados. Todavia, à medida que as cenas de batalha tomam conta da narrativa, começamos a sentir todos estes homens em guerra, visto que fazem o que é preciso para sobreviver.
Kriv Stenders, o realizador da obra, fez um excelente trabalho ao espelhar o drama tenso entre as fileiras, mas também a ação. Usar o típico arsenal de guerra num filme histórico pode ser complicado, porque às vezes não é possível usar armas que tenham sido realmente usadas nas batalhas.
Em contrapartida, Stenders e Beattie foram precisos e coesivos nas suas escolhas, porque algumas das armas vistas no filme são as que, de facto, foram utilizadas na Batalha de Long Tan. O que pode chocar o público é que um dos Huey Choppers usados no filme também foi utilizado durante a guerra.
Mesmo com alguns desequilíbrios na narrativa abrangente, “Danger Close” merece ser visto. É uma homenagem apaixonada a um pequeno grupo de soldados corajosos que colocaram tudo em risco. Os sacrifícios destes homens devem ser honrados e respeitados com grande reverência, e indubitavelmente, todos os pormenores dão conta do nível de autenticidade histórica que faz deste filme um vencedor na memória de qualquer fã de cinema de guerra.