Home FilmesCinema “Cats”: Uma adaptação estranha, confusa e que mais vale esquecer

“Cats”: Uma adaptação estranha, confusa e que mais vale esquecer

by The Golden Take

“Cats” é uma adaptação realizada por Tom Hooper do musical da Broadway, escrito por Andrew Lloyd Webber. Se há coisa que aprendemos com este filme é que há coisas que é melhor não mexer, porque pode estragar. Foi o que aconteceu. 

Escrevo esta crítica acabada de sair da sala de cinema, após ter visto “Cats”. E sim, eu li as criticas negativas sobre o filme, mesmo assim quis ir ver com os meus próprios olhos e tentei ir o mais de mente aberta possível. Mas é inevitável dizer que são quase 2 horas que nunca mais vou recuperar.

Vou ter que começar por algum lado, por isso mais vale falar já do CGI que foi o que mais me chocou mal vi o trailer. Eu não consigo perceber honestamente porque é que se tenta usar CGI à força toda para fazer coisas que simplesmente não resultam. Como o filme é inspirado no musical “Cats”, uma peça da Broadway (!!), nota-se que era assim que devia ter continuado. As pessoas de fato conseguem estar melhor do que estes atores cobertos de CGI em que a cara, as mãos e os pés escapam e acaba por ficar só estranho. Isso e o facto de as orelhas deles estarem sempre a esvoaçar.

Também não ajuda passarmos duas horas com personagens com as quais não conseguimos criar nenhuma ligação ou empatia. O filme (teoricamente) conta a história de um conjunto de gatos, que se intitulam de Jellicles (e eles fazem questão de nos lembrar disto constantemente) que, uma vez por ano, entram numa espécie de concurso de talentos de gatos para que um deles ascenda à “Camada Celestial” para ter uma nova vida. O que quer que isso seja, porque o filme não explica.

Por outras palavras, a história acaba por não ser verdadeiramente contada visto que os gatos passam as duas horas a apresentarem-se e mesmo assim são poucos os nomes que conseguimos decorar (e os poucos que não fui ver ao IMDB). É só isto. E acabei o filme sem saber o que é que define afinal uma gata Gumpie e um gato Jellicle, o que é uma Escolha Jellicale ou de onde veio a gata nova.  Tudo isto é confuso, especialmente se não tivermos visto o musical, que é o meu caso.

© 2019 Universal Pictures. All Rights Reserved.

E sim, eu sei, é um musical, cantar e dançar faz parte… Mas há músicas (já para não dizer monólogos) que são escusados. Destaco a cena que se repete por duas vezes com a gata Grizabella (Jennifer Hudson) que está constantemente a chorar e Vitoria ( Francesca Hayward), assim como a cena toda com Judi Dench no final.

Mas o que mais me custa é saber que Tom Hooper realizou “Le Miserables”, que eu tanto gostei e cantei do início ao fim e aqui as músicas simplesmente não conquistaram, embora sejam as da peça, o que só prova que os atores não nos cativaram o suficiente para que vibrássemos com estas músicas como se calhar o faríamos a ver o musical ao vivo.

Por isto que mencionei até agora é que se torna cansativo a uma certa altura ouvir músicas e ver mais um número musical porque eles não param de rodopiar e fazer danças que nem o CGI consegue apanhar como deve ser. E de certeza que os atores não se imaginaram como gatos. É a única explicação que encontro. O único que se estava a safar era Idris Elba que parecia quase um Gato das Botas com o seu chapéu janota e a sua cicatriz no olho… Até aparecer despido no filme. Desculpem, como gato.

Para mim há um ponto positivo, pequeno mas há (tinha de haver um, para eu não me arrepender tanto): a música Beautiful Ghosts. Confesso que gostei mais na versão que ouvi fora do filme da Taylor Swift que está nomeada para um Golden Globe. Apesar disso, a Francesca não a cantou mal. Foi aquele momento em que quase me emocionei. Mas só mesmo quase.

© 2019 Universal Pictures. All Rights Reserved.

De resto é só tudo estranho. James Corden a comer lagostas sem mastigar, Rebel Wilson a despir fato de gato, Ian McKellen a beber de uma taça (isto é super estranho, porque só conseguia imaginar se eu me metesse no chão a beber de uma taça de um gato, o quão estranho isso não iria ser…). E claro, só pensava que a gata nova era tão boa gata que chegou ali e já sabia as danças todas, as músicas todas, já conhecia todos e arranjou logo gato para a vida.

A adicionar a isto tudo, só falta acrescentar que os móveis de uma sala eram iguais em tamanho dos prédios em que eles entravam, ou seja, era tudo completamente desproporcional. Demorei um pouco a perceber que eles eram realmente pequenos em comparação com outras coisas por estar tão confuso.

Não consigo deixar de sentir que isto foi um desperdiçar de elenco, com nomes como Taylor Swift (cuja existência no filme é praticamente mínima para o buzz que se gerou a volta dela), ou de outros que já mencionou e até daqueles que não reconhecemos e provavelmente nem iremos procurar.

Em suma, embora acho que já tenha dado para perceber, não gostei do filme. Deu para rir em muitos momentos, não porque o filme é engraçado mas sim porque não estava a acreditar no que estava a ver. Não estava, nem queria. E repito, eu quis ir ver este filme para ver com os meus olhos o que a crítica dizia e só pensava porque é que me enfiei naquela sala de cinema (gigante) para ver este filme com uma dezena de pessoas.  Para além disto, só conseguia pensar no desastre que podia ter sido se víssemos, por exemplo, o “The Lion King” com pessoas porque foi literalmente o que aconteceu aqui.

Não sei o que estavam a tentar fazer ou alcançar mas que “Cats” devia ter continuado como um espectáculo da Broadway, sim. Teria sido a melhor opção visto que não se ganhou nada com isto, nem nós nem o mundo do cinema. Apenas aconteceu ser um emaranhado de situações confusas, danças e rodopios inexplicáveis, e um filme que gostava de dizer que é esquecível mas que, infelizmente, tão cedo não o vou esquecer.

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