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CODA: Um remake fiel e emotivo

by Beatriz Silva

CODA (No Ritmo do Coração) chegou à Apple TV+ ainda em 2021 e é o remake americano do filme francês La Familie Bélier. Embora com muitas semelhanças entre os dois filmes, CODA consegue entregar-nos quase 2 horas de pura emoção.

É importante realçar que esta crítica vai conter a minha opinião sobre CODA como filme individual, mas também em comparação com o filme original.

Em ambos os filmes, somos apresentados a uma rapariga (no caso de CODA, a Ruby) que nasceu numa família de surdos, sendo que ela é a única que tem audição. E quando descobre que tem um dom para o canto, a sua vida dá uma reviravolta, afetando especialmente a sua dinâmica de família, uma vez que ela era a “tradutora” dos pais no que toca à língua gestual.

O primeiro filme que vi foi efetivamente CODA e só depois é que vi La Famille Bélier (que podem ver na Netflix) para tentar entender se o que diziam de ser uma adaptação muito literal era verdade. Sabia de quem tinha adorado o original e sendo uma adaptação assim tão fiel, e se a fórmula já tinha funcionado, não havia como CODA falhar muito, pelo menos a nível de argumento.

Efetivamente, na narrativa, os dois filmes são bastante semelhantes nas cenas que nos apresentam. Para mim, até o casal de pais que foram escolhidos para CODA são bastante parecidos ao casal de atores originais e as próprias reações no filme acabam por ser muito parecidas. Mas claro que houve ligeiras diferenças que foram feitas para dar contexto à história: no caso de CODA, temos uma família de pescadores em vez de agricultores.


Por mera curiosidade, percebi que no filme francês, todos os atores aprenderam língua gestual visto mas no caso de CODA, apenas Emília Jones o fez porque todos os outros atores escolhidos são surdos-mudos (Troy Kotsur, Daniel Durant e Marlee Matlin).

Comparando os dois, e apesar de ter visto CODA primeiro, acho que este fez um trabalho melhor em construir a emoção e a frustração toda à volta da personagem principal, assim como o debate interior que ela própria tem com o facto de saber cantar e os pais nunca poderem compreender esse dom dela da mesma forma como os outros o ouvem.

O que isto faz é que o final do filme tenha todo um outro impacto emocional que se calhar o filme francês não me deu. Contudo, e por CODA ser super semelhante, fez-me sentir que vi o filme duas vezes, só que em línguas diferentes.

Atenção, não estou a tirar mérito ao CODA porque acho que não deixa de ser um remake muito bom e todo o trabalho que o elenco faz, especialmente Emília Jones, é surpreendente. Aliás, acho que o facto de Emília ter de comunicar sempre em língua gestual para que os seus parceiros de representação a entendessem à frente e atrás das câmaras, ajudou bastante na sua representação a nível físico, visto que as emoções não podiam ser passadas apenas pela forma como ela falava ou dizia as coisas, mas como as demonstrava acima de tudo. Já tinha gostado do seu carisma em Locke & Key mas aqui esmerou-se mesmo.

Quanto ao restante elenco, há diálogos em língua gestual mais comoventes do que alguns diálogos que vamos tendo ao longo do filme, provando que nem sempre é preciso palavras para virem as lágrimas aos olhos. Troy Kotsur entrega-nos um momento com Emília Jones lindíssimo e, para mim, o final foi um arraso emocional porque para além da música ser maravilhosa e com um significado muito forte neste filme, a maneira como a cena foi interpretada por Emília juntando a música à língua gestual foi, sem dúvida, muito bonito.

Toda esta emoção em CODA é também conseguida graças à realizadora Siân Heder que faz um ótimo trabalho em entregar-nos uma adaptação que é totalmente fiel mas que ainda assim consegue dar o seu toque emocional de forma a conquistar qualquer pessoa que veja o filme.

Houve uma frase que me ficou na cabeça no filme francês que acho que capta muito bem a mensagem de ambos os filmes, a de que ser surdo “não é uma incapacidade, é uma identidade”. E acho que todos devem espreitar tanto o CODA como o La Famille Bélier pela sua simplicidade na história e pela mensagem bonita que têm.

Infelizmente, apenas Troy Kotsur foi nomeado com este filme mas CODA foi também nomeado para Melhor Filme e ainda Melhor Argumento Adaptado. Se vai trazer algum dos Óscares © para casa? Fica a questão no ar.

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