Home Novidades Christian Bale: Um camaleão em Hollywood

Christian Bale: Um camaleão em Hollywood

by João Pedro

Christian Bale compromete-se totalmente com as personagens que interpreta. Muitas vezes, mantém-se no papel durante as filmagens, e não tem medo de perder ou ganhar peso para tornar um boneco mais credível. 

Ao longo da carreira, Christian Bale foi amealhando boas críticas ao seu trabalho, começando desde logo com “Empire of the Sun”, de Steven Spielberg, quando tinha apenas 13 anos. Desde aí, já foi nomeado a quatro Óscares da Academia. Arrecadou a estatueta dourada pelo seu trabalho em “The Fighter”, e esteve na calha para voltar a triunfar com “American Hustle”, “The Big Short” e “Vice”.

No presente artigo, recordo algumas das performances que mais aprecio deste camaleão de Hollywood.

“American Psycho” (2000)

A carreira de Bale recebeu um novo fulgor, com a adaptação do best-seller de Bret Easton Ellis.

O foco incide em Patrick Bateman, corretor em Wall Street. Ao mesmo tempo, Bateman é um narcisista invejoso que vive obcecado pela superioridade material.

O que poderia ter sido um filme de terror de rotina, é moldado pelo desempenho hábil de Bale, mantendo-nos com Patrick (mesmo quando este comete atos repreensíveis), para que o filme adote a sua função de thriller, em adição à comédia negra a um nível exponencial.

Patrick Bateman é o papel de uma vida que Billy Crudup, Ewan McGregor e Leonardo DiCaprio recusaram, mas, felizmente, a sorte e o engenho calharam a Christian Bale.

Bateman é, provavelmente, o anti-herói mais vilão (além de Tony Montana e Michael Corleone de Pacino, é claro) que o público não pode deixar de adorar e citar ad infinitum.

Em entrevistas, Bale afirmou que teve várias dificuldades a interpretar Bateman, até que viu Tom Cruise no “Late Night with David Letterman”, tendo ficado impressionado com a energia maníaca do ator. Para obter inspiração adicional, Bale voltou-se para a performance ridiculamente bizarra de Nicholas Cage em “Vampire’s Kiss”, algo que, em retrospetiva, até faz sentido.

Em adição, também recebeu um aviso – interpretar o papel seria um suicídio profissional, o que o deixou ainda mais ansioso para cravar os dentes na oportunidade.

“The Machinist” (2004)

Por incrível que pareça, Bale demorou apenas quatro meses a perder mais de 30 quilos para o seu papel em “The Machinist” – uma transformação física que, claramente, cruzou a linha do “comprometido” com o “perigoso”.

À medida que mergulha cada vez mais fundo na sua deterioração, catapultada pela paranóia induzida pelas insónias, Trevor Reznik (o nome foi inspirado por Trent Reznor de Nine Inch Nails) recua para dentro de si mesmo, até que não seja possível distinguir entre o que é real e imaginário.

A transformação física do ator pode ser inicialmente descartada como um truque, mas é um corolário visual importante para a deterioração do estado mental de Reznik. “The Machinist” pode não ser o melhor filme do mundo, mas é certamente uma das performances mais exigentes e impressionantes de Bale.

© 2004 Paramount Classics. All Rights Reserved.

“The Fighter” (2010)

O corpo humano não deve passar de fisicamente imponente a enrugado e semelhante a uma concha numa questão de dois anos – especialmente quando já realizou essa façanha uma vez. Mas, apenas seis anos depois de perder uma quantidade substancial de peso para interpretar Trevor Reznik, Bale voltou a levar a transformação física a um extremo lógico em “The Fighter”, de David O. Russel.

O ator emagreceu substancialmente para interpretar Dicky Eklund, um boxeaur que desperdiça o seu talento para o mundo das drogas. Não obstante, a perda de peso foi apenas o primeiro passo na sua transformação convincente.

Bale também teve que habitar a mente de Eklund, que, efetivamente, é uma personalidade verídica. O ator assumiu o sotaque característico do boxeaur de Boston, e captou os maneirismos evasivos e agitados.

É um papel chamativo que se presta a exageros, mas Bale não estava interessado em fazer uma caricatura. Ele ficou famoso por estudar as conversas gravadas de Eklund, para dar corpo às nuances do papel.

A sua dedicação valeu-lhe o Oscar na categoria de Melhor Ator Secundário. Observar os olhos de Bale a moverem-se para frente e para trás, como se o personagem ainda estivesse no ringue, pode ser enervante. Contudo, é uma nota poderosa. Na mente do público, fica este dado: Bale surge sempre no seu melhor quando vai contra os limites.

“The Big Short” (2015)

Em termos de comparação, Michael Burry não foi um papel tão exigente a nível físico para Bale, mas foi um caso de estudo muito interessante.

Em “The Big Short”, o ator transformou-se num génio financeiro socialmente desajeitado – alguém que não consegue contar uma piada ou mesmo elogiar outra pessoa sem parecer estranho.

Na vida real, Burry sofre de Síndrome de Asperger, uma condição relacionada com o génio sobrenatural mas também com os modos sociais distintos.

Bale interessou-se e quis estudar a mente fascinante de Burry. O seu trabalho destaca-se no resultado geral do filme e, de maneira estranha, passa a servir como bússola moral num universo que carece até mesmo da moralidade mais básica.

Christian Bale plays Michael Burry in The Big Short from Paramount Pictures and Regency Enterprises// Photo by Jaap Buitendijk – © 2015 Paramount Pictures

Related News

Leave a Comment

-
00:00
00:00
Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00