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Baby Driver: A música como um pé no acelerador

by The Golden Take
Confessa, ainda estás indeciso se queres ver o Baby Driver? Se a tua resposta foi sim, gostava de te deixar os seis minutos iniciais do filme ao som de Bellbottoms de Jon Spencer Blues Explosion para te surpreenderes:

Vou-vos contar o que eu pensei enquanto vi esta cena: DAMN, how awesome is that? Esta foi a minha reacção ao ver um rapaz a dominar tão bem o carro e por toda a música que está a tocar (supostamente nos phones de Baby)  dar intensidade à cena de fuga. Só mesmo as minhas viagens de carro é que não têm assim tanta animação! Para além de que sofro um pouco de falta de ritmo quando tento fazer os batuques de uma música que estou a ouvir e maior parte das vezes falho redondamente. Mas tal como Baby, adoro ouvir música enquanto estou a conduzir. Mas para ele a música vai para além disso, mas já lá vamos.

Esta introdução mostra-nos logo um pouco do que o filme vai retratar: criminosos a assaltar bancos (e não só) com um condutor exímio para os ajudar a fugir e talvez seja isso que deixa as pessoas tão reticentes porque faz lembrar o Fast and Furious. É principalmente isto, sim, não vos vou mentir.

Baby (Ansel Elgort) é o motorista dos criminosos que são liderados por Doc, um mafioso implacável representado por Kevin Spacey (que para alguns há-de ser sempre o Frank Underwood). O rapaz conduz para ele já há alguns anos porque está em dívida para com ele por causa de um erro em criança, e torna-se o único elemento constante na equipa, que está sempre a rodar. As personagens que vêm no vídeo e que são a crew inicial no filme é composta por Buddy (Jon Hamm), Darling (Eiza González) e Griff (Jon Bernthal). Como Baby anda sempre com os phones no ouvido, toda a gente acha que ele é retardado, principalmente Griff que gosta de picar.

“‘Retarded’ means slow. Was he slow?” – Doc

É aqui que percebemos que Baby está sempre a ouvir música porque teve um acidente de carro em criança (que vitimizou os dois pais) e desde então que tem um zumbido no ouvido e usa a música para o abafar. Mas o que a música faz com ele é mantê-lo em movimento e isso nota-se ao longo do vídeo, especialmente quando ele está atrás do volante. Possui diferentes ipods, “Um diferente para cada dia e para cada tipo de disposição” e até cria as suas próprias músicas com conversas que grava e põe tudo em cassetes. Ele chega a ter de pôr a música do início para conseguir cronometrar o plano todo do assalto para não correr mal e para ele ir no flow. Quem nunca?

“If you don’t see me again, it’s because I’m dead.” – Griff

Nova equipa, novo trabalho. Desta vez, aparece Bats, representado por Jamie Foxx que traz um pouco de comédia (soft) ao filme com o seu embirranço com Baby e com o facto de ter, digamos, mau feitio.

Mas vejamos, Baby é só um rapaz que se quer ver livre da dívida e ter a sua vida, especialmente quando conhece uma empregada de mesa, Debora (Lily James) que trabalha no mesmo restaurante que a mãe dele trabalhou, e apaixona-se quando a ouve a cantar “B-a-b-y” de Carla Thomas e depressa percebem que partilham do mesmo sonho: fazerem-se à estrada, com um carro que não conseguem pagar e sem plano. E aqui entra a parte romântica do filme.

Photo by Wilson Webb – © 2016 Columbia Pictures Industries, Inc. All Rights Reserved.

Mas no mundo do crime, como já estamos tão habituados a ver, o trabalho nunca acaba e é escusado dizer que Baby teve de voltar a conduzir para evitar confusões, com uma equipa composta por Bats, Buddy e Darling. “Só mais um trabalho” – mas este trabalho tinha tudo para correr mal… e correu, em parte também porque, a certo ponto, as personagens parece que ficaram todas bipolares e começam a tornar-se violentas, fora de controlo e com um toque de loucura já, mas isto tudo dá o toque preciso para se tornar num completo filme de acção sobre criminosos. Há tiros, há explosões, há mortes, há o instinto de sobrevivência/fuga… É só escolherem.

É extremamente prazeroso, e nisto não há nada a apontar, ouvir a banda sonora que dá vida a este filme: Queen, Simon Garfunkel, T-Rex… É um deleite para os nossos ouvidos e para tornar tudo mais excitante de se ver. Edgar Wright, depois de nos dar Scott Pilgrim vs. the World Shaun of the Dead, e depois de se ter aventurado e derrapado em Ant-Man, consegue trazer aos grandes ecrãs um filme bonito de se ver no que toca ao timing da banda sonora com os movimentos, com a criatividade como, por exemplo, quando ouvimos “Harlem Shuffle”, de Bob Earl, e vemos Baby a dançar enquanto anda pela rua e temos partes da letra da música a aparecerem no chão, nas paredes, e em como os barulhos normais da cidade se complementam com a trilha. É maravilhoso mesmo, especialmente para quem liga à banda sonora, como eu.

(deixo-vos aqui a BSO só para não dizerem que não gosto de vocês)

A única parte que tenho realmente pena neste filme foi a breve aparição de Jon Bernthal  ter sabido a pouco porque gostava que ele tivesse um papel mais duradouro. Logo que ele aparece no ecrã, vem-nos logo papéis icónicos como o de Shane em The Walking Dead e o Punisher em Daredevil  e ficamos logo “com medo” dele. Já Jon Hamm está brilhante também, Kevin Spacey dá-nos a excelência a que já estamos habituados (apesar de achar que a personagem dele nos minutos finais do filme descambou) e foi uma surpresa ver Lily James que, apesar de não ter um papel super relevante, fez ver a relação dela com Baby de outra maneira. E Ansel Elgort, claro, trouxe o brilho todo ao filme com a capacidade de representar impecavelmente o papel que lhe foi dado – o meu preferido até agora dele.

Não dou mais do que 8 ao filme, porque, como referi em relação a Kevin Spacey, acho que a história descambou um bocado no final, mas há quem possa gostar dessa transição, mas não é o meu caso. Porém, acho que é um filme muito bem conseguido e ao qual as pessoas deviam dar o benefício da dúvida.

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