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As mentes por trás de “The Hangover” que estão a dominar 2019

by João Pedro

Embora tenham surgido outros projetos interessantes e de alto relevo tanto no cinema como em televisão ao longo deste ano (“Avengers: Endgame” ou a terceira temporada de “Stranger Things”), 2019 está a ser, em parte, dominado por Todd Phillips e Craig Mazin, os responsáveis pela trilogia “The Hangover”. 

Não obstante ao facto das grandes estreias ainda não terem terminado este ano, com foco para “Terminator: Dark Fate” e “Star Wars: The Rise of Skywalker”, o novo filme de Todd Phillips – “Joker” – tem cimentado uma posição impactante desde que surgiu no grande ecrã.

No que toca à TV, o público teve a oportunidade de assistir a sucessos como “Euphoria” e “Russian Doll”, todavia, “Chernobyl”, recebeu toda a atenção da crítica desde que estreou na HBO, e continua a ser um tópico frequente de discussão. 

O engraçado é que tanto “Joker” como “Chernobyl” foram concebidos por aqueles que trabalharam em “The Hangover”, a famosa trilogia cimentada pelo seu teor de comédia. 

Os três filmes de “The Hangover” foram realizados por Todd Phillips, sendo que Craig Mazin trabalhou nos argumentos do segundo e do terceiro filme. 

Mazin recebeu grande destaque este ano com “Chernobyl”, série que criou, escreveu e produziu. Embora “Chernobyl” tenha recebido algumas críticas negativas quanto à veracidade dos eventos e ao retrato dos oficiais soviéticos, a série foi um grande sucesso, sendo que recebeu dezanove nomeações aos Emmy Awards. 

Dessas nomeações, levou dez prémios para casa, incluindo nas categorias de Melhor Série Limitada e Melhor Realização.

Por outro lado, Todd Phillips está atualmente no centro das atenções graças ao seu último filme, “Joker”. O filme estreou na septuagésima sexta edição do Festival de Cinema de Veneza, onde recebeu o Leão de Ouro. 

Para evitar qualquer tipo de desaire, o filme não vai ser exibido no Century Aurora Theatre, sendo que outros cinemas estão a tomar medidas especiais para garantir a segurança dos espectadores. Tais medidas incluem a proibição de pinturas faciais, máscaras e outros adereços. 

A controvérsia em torno de “Joker” está enraizada no seu nível de violência. Como seria de esperar, Phillips veio defender o filme em público, comparando-o a John Wick, e culpou a “cultura desperta” por matar a comédia. Pois é Philips, aqui é mesmo caso para fazer uso ao título da música do Sinatra – “That’s Life”. 

No geral, a longa-metragem está num bom caminho de ser candidata ao Oscar, principalmente pela atuação de Joaquin Phoenix como personagem principal, e também pela fotografia que emprega. 

Adicionalmente, no início deste ano, Bradley Cooper (que protagonizou “The Hangover”), surgiu nomeado a três Oscars da Academia pelo seu trabalho em “A Star Is Born”, onde foi candidato a arrecadar os galardões nas categorias de Melhor Realização, Melhor Ator Principal e Melhor Argumento Adaptado, porém, não teve sucesso em nenhum dos confrontos diretos com os outros nomeados. Posteriormente, ouvimos a sua voz em “Avengers: Endgame”, onde voltou a retratar Rocket.

Fotografia: NOS Audiovisuais

Espreitem aqui as críticas de Joker, Chernobyl e A Star is Born

E, para quem apreciou o filme de Todd Philips, aconselho que dêem uma vista de olhos por alguns projetos similares:

  • “Taxi Driver”

Tal como “Joker”, o protagonista de “Taxi Driver” vive numa cidade dominada pelo crime, que acaba por ser guiada a um ponto de ruptura. A principal diferença entre Travis Bickle, o taxista, e Joker, é que o ato de Bickle é heróico, embora estivesse perto de assassinar uma figura política de antemão. 

  • “King of Comedy”

Apesar de seguir um arco semelhante a “Taxi Driver”, “King of Comedy” (também de Scorsese) foi criticado após a estreia. Provavelmente, deve-se ao facto de Rupert Pupkin, o personagem principal, ser improvável em termos de design, e também pela na loucura que vai cimentando ao longo do filme. 

O papel de Robert De Niro em “Joker”, tal como a admiração do protagonista por ele, é uma homenagem clara a “King of Comedy”. 

  • “You Were Never Really Here”

Joaquin Phoenix interpreta um personagem totalmente diferente neste thriller policial de Lynne Ramsay. Ele está mentalmente doente, e vive assombrado por pensamentos de auto-mutilação. Todavia, em vez da anarquia, dedica grande parte do seu tempo a resgatar adolescentes vítimas de tráfico humano. 

Existem algumas semelhanças com “Taxi Driver”, de Scorsese, mas é filmado num estilo totalmente diferente. Lynne Ramsay não costuma realizar policiais, mas esta obra acaba por adicionar um toque único ao género, tornando-o um dos melhores filmes dos últimos cinco anos.

  • “Network”

Parte da ascensão do Joker à proeminência é a obsessão dos media pelos crimes que ele causou, e também pelos movimentos que criou. Simultaneamente, a televisão também alimenta a sua raiva pela sociedade, nomeadamente por Murray Franklin.

“Network”, o filme que Lumet realizou em 1976, aborda exatamente este tema, isto é, o facto da da televisão explorar pessoas frustradas em prol das audiências. Tudo começa quando o discurso de um repórter, demitido recentemente, faz com que as audiências disparem, e tudo fica fora de controlo a partir daí.

  • Fort Apache, The Bronx”

É impossível saber realmente como era a vida na cidade de Nova Iorque no final dos anos 70 e início dos anos 80, a menos que a tenhamos vivenciado. Muitos filmes da época usavam a metrópole à beira da ruína como pano de fundo e foco principal dos enredos.

“Fort Apache, The Bronx” aborda a história de uma delegacia da polícia numa das áreas mais perigosas do sul de Bronx. Paul Newman interpreta um polícia que enfrenta um conflito interno, quando vê dois colegas a assassinar um adolescente inocente. “Joker” foi filmado principalmente na cidade de Nova Iorque, e foi claramente projetado para se parecer com a realidade que se vivia na cidade há quarenta anos atrás.

 

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