Annabelle Comes Home, ou Annabelle 3, é o sétimo filme da saga de terror criada por James Wan e tem a missão de voltar à boa forma dos filmes que marcaram a dita saga e preparar sobretudo o terreno para o futuro Conjuring 3 que irá estrear em Setembro de 2020.
Annabelle Comes Home, ao contrário dos antecessores, volta a presentear-nos a família Warren e todo o misticismo à sua volta. E também ao contrário de The Nun e The Curse of La Llorona, há um cuidado especial com Annabelle, sobretudo para não fugir à premissa que a boneca é um simples canal para que espíritos malignos comuniquem com o nosso mundo.
A premissa do filme é simples: quando os Warren são chamados para mais um trabalho longe de casa, a sua filha Judy (McKenna Grace) fica aos cuidados da sua babysitter Mary (Madison Iseman) e juntas irão celebrar o aniversário da filha do casal.
Contudo, Mary não conta com a presença da sua amiga Daniela (Katie Sarife) que quer entrar na casa numa tentativa de comunicar com o seu falecido pai através de um artefacto sobrenatural que se encontra na famosa divisão onde os Warren guardam tudo o que seja amaldiçoado e dando de caras, claro está, com Annabelle.
Como referi anteriormente, senti desde cedo que há um cuidado especial com o que esta boneca realmente representa, estando patente que o filme tem uma dinâmica boa e que a química entre as actrizes funciona mas sem nunca sair da zona de conforto, ou seja, a fórmula não irá surpreender para quem segue a saga mas também não irá desapontar e isso no final é o que realmente importa.
Logo nos primeiros momentos começa-se a constatar que este filme quer aproximar-se mais da origem do que os seus dois antecessores. Somos mesmo até presenteados com o momento em que os Warren recebem a maldita boneca, ou seja, as mesmas cenas do início de The Conjuring (2013) e ficamos logo com a ideia de que está a ser desbravado terreno para o The Conjuring 3.
Em relação ao The Conjuring (2013), a grande diferença é a filha dos Warren, Judy, que agora passa a ser interpretada por McKenna Grace que com apenas 13 anos já tem um currículo invejável, que vai desde Captain Marvel a The Haunting of Hill House e estando mesmo já a gravar a sequela de Ghostbusters.
Judy começa a deparar-se com os mesmos dons de médium da sua progenitora, Lorraine, e ciente dessas características fica dotada de uma frieza e maturidade acima da média. Mas, em contrapartida, os seus pais começam a ganhar fama pelos serviços que prestam, fazendo com que os seus amigos se afastem dela. Mas nada a faz mudar o tom ou a desmotiva, o que acaba por ser uma grande adição ao franchise.
Outro dos aspectos positivos é como o realizador Gary Dauberman consegue dar conta de tantas personagens e de tantos arcos narrativos (estou a falar de todos os seres sobrenaturais que aparecem no filme) sem nunca deixar de ser coerente e tendo sempre em mente o propósito do filme.
O ponto menos conseguido é mesmo a incapacidade de nos surpreender. Sabemos para o que vamos e sabemos sobretudo através do jogo de sons que vem aí um momento de nos fazer saltar da cadeira.
Dauberman quis ser fiel ao que James Wan fez por este universo sobrenatural e há mesmo momentos em que parece que estamos a ver um The Conjuring, mas sem nunca esquecer o artefacto Annabelle, dando mesmo mais ênfase ao que realmente representa.
Annabelle 3 é o que se espera dele: assusta-nos, sabemos que nos vai assustar em determinados momentos e volta sobretudo a pôr-nos no encalce dos Warren. Está ainda alguns furos abaixo dos Conjuring, mas sobejamente superior aos seus antecessores e bastante superior a The Nun (que era o que gerava mais expectativa de todas estas maldições e o filme em si acabou por ser uma maldição…).
Resta-nos esperar pela nova aventura dos Warren e esperemos que Annabelle apareça!