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“A Quiet Place”: Um silêncio ensurdecedor

by Sandra Rodrigues

“A Quiet Place” é um filme realizado por John Krasinski que faz um trabalho formidável na utilização do silêncio para aumentar a tensão. Conta ao seu lado como protagonista, a sua mulher Emily Blunt.

É natural associarmos som a filme de terror. Durante muito tempo o som e o horror sempre se beneficiaram mutuamente, e o som e a música sempre foram apresentados como elementos central deste género. O que acontece em “A Quiet Place” é exatamente o contrário.

A premissa é muito simples. Num futuro próximo, a população da terra foi praticamente erradicada por monstros com tímpanos gigantes, que matam através do mínimo som. 

Seguimos então uma família que vive praticamente em silêncio absoluto e comunica através da linguagem gestual. Krasinski ignora o som e o diálogo e mantém a sala completamente silenciosa. O que amplifica o mínimo dos ruídos (inclusive o mastigar das pipocas), prende a nossa atenção ao ecrã e faz-nos sentir como se fôssemos, também nós, parte integrante daquela família. 

Krasinski é o protagonista e partilha o ecrã com a sua esposa (também na vida real) Emily BluntJuntos (no filme) têm três filhos (um deles por nascer) que tentam ao máximo proteger mas também treinar para que consigam viver de acordo com a nova realidade.

A família comunica principalmente através da linguagem gestual como já referi e existem caminhos cobertos de areia e sinalizados que a família deve seguir desde a sua casa até à cidade. Vivem em constante tensão e o mínimo erro pode causar-lhes a morte. E para adicionar, a esposa está grávida… E como silenciar um recém nascido? 

Photo Credit: Jonny Cournoyer – © 2018 Paramount Pictures. All rights reserved.

Apesar do argumento simples, o conceito foi muito bem aplicado. “A Quiet Place” apresenta-se com um elenco muito competente e escolhas técnicas bastantes interessantes. É tirado o maior partido da escuridão e dos tons vermelhos, sinalizando os maiores medos das personagens.

É de destacar o óptimo trabalho de som: ouvimos todas as respirações, todos os passos, todos os pormenores. 

As minhas expectativas foram superadas. Krasinski está ligado à comédia e não tem muita experiência na realização, mas é visível o seu comprometimento com o filme. 

Não me lembro de um filme que me tenha colocado tão tensa durante tanto tempo. Conseguimos perfeitamente sentir o desespero das personagens e não existe qualquer distração sonora.  Sentimos que fazemos parte da narrativa, e temos até cuidado para não respirarmos demasiado alto. 

Na minha opinião, o ponto mais negativo do filme é a forma como se descobre a fraqueza dos monstros, o que não achei muito interessante. 

Posto isto, o filme agradou-me imenso, é muito interessante e podemos considerá-lo um bom filme de terror. Fico à espera para ver como Krasinski dá a volta à história na sequela que estreia já em 2020. 

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