A Quiet Place Part II: Krasinski oferece uma sequela repleta de emoções

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Após vários atrasos devido à pandemia de Covid-19, a sequela de “A Quiet Place”, o aclamado filme de terror de 2018, chega agora aos cinemas. Ao explorar duas linhas de tempo, o elenco regressa ao mundo que vive em silêncio, expandindo o conceito inovador e único do primeiro filme. A juntar a “Spiral: A Book of Saw”, “The Unholy” e “The Conjuring: The Devil Made Me Do It”, “A Quiet Place Part II” integra a lista do calendário movimento na cena atual do terror.

Há alguns anos, John Krasinski transitou do mundo indie para o reino do terror com “A Quiet Place”, um filme tenso e inventivo que jogou com a ansiedade através do som. Foi um filme de terror em pequena escala, desenvolvido com uma realização habilidosa e uma narrativa apropriadamente surpreendente sobre paternidade.

Como o filme até não custou muito dinheiro e deu um lucro avassalador para a Paramount, encomendou-se logo uma sequela. Por conseguinte, foi adiada por razões óbvias. Não poderíamos ver este filme pós-apocalíptico sem, antes, ter que passar por uma espécie de Apocalipse. Obrigado, Covid. Que poético.

Ambientado literalmente um minuto após os eventos do antecessor, os Abbotts aventuram-se para fora de casa da forma mais silenciosa possível. Eventualmente, e em circunstâncias improváveis, encontram-se com Emmett (Cillian Murphy), o irmão de Lee, que se isolou num armazém abandonado. Com a morte do pai ainda bastante fresca, Regan sente que deve reagir e dar continuidade ao seu legado.

Por ser uma sequela, “A Quiet Place Part II” fica mais extenso, barulhento e mais caótico. A partir da cena inicial que descreve o dia da invasão alienígena, percebemos logo que a Paramount puxou bem dos cordões à bolsa para que John Krasinski pudesse trabalhar e, por consequência, divagar à vontade.

Em grande parte, “A Quiet Place Part II” mantém a identidade do seu antecessor em estilo e tom. Dado que, agora, os personagens estão a aventurar-se além das pequenas fronteiras, temos a oportunidade de conhecer este deserto apocalíptico numa escala maior. Além disso, o filme mantém a magia da edição de som a um nível de tal forma sublime, que podemos analisar a situação do ponto de vista de Regan. Desta feita, surgem ainda closes suficientes de pés sujos para fazer Quentin Tarantino corar e, ao mesmo tempo, manter a realidade que incide no facto desta família não tomar banho nem limpar os pés há semanas.

Os elementos de terror estão presentes e continuam a afetar a ansiedade de cada um. Os cenários de ação variam em termos de localização e são mais centrados no exterior. No entanto, o filme nunca atinge um nível de exagero, uma vez que permanece muito fundamentado no seu próprio mundo. As emoções vulneráveis estão na vanguarda com frequência, embora de forma mais sombria.

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O elenco é muito bom, mas esta sequela dá tempo e espaço para que Millicent Simmonds possa brilhar condignamente. Ela é o herói de ação por direito próprio. O peso emocional genuíno do filme provém desta rapariga. Todavia, partilha o destaque com Cillian Murphy.

Já que somos apresentados a um novo personagem com Emmett, Krasinski (que também escreveu o argumento) fornece um arco forte com um tema de luto que paira em torno dele e de Regan. Infelizmente, Evelyn e Marcus não têm muito que fazer nesta história, mas Emily Blunt e Noah Jupe cumprem bem o seu papel.

A meu ver, um dos pontos negativos incide na própria passagem do tempo. Arrependo-me de ter revisto “A Quiet Place” antes de mergulhar nesta sequela, visto que as ligações atingiram um surto de crescimento após o final do último filme. No prólogo do antecessor, o ator Noah Jupe era de tal forma jovem que até era carregado por Krasinski.

Porém, no momento em que este filme começa, a continuidade estabelece-se de uma forma um pouco confusa. Na cena inicial, que exalta o primeiro dia da invasão, Marcus (que ficou claramente mais alto desde o último filme) surge a jogar basebol enquanto a família assiste da bancada. Embora seja uma cena de abertura cativante, é uma distração por razões óbvias. Atenção, eu não quero fazer uso da puberdade para criticar o filme, mas ao mesmo tempo, não sugiro que vejam “A Quite Place” de antemão.

Dito isto, existem muitos momentos no filme em que os personagens tomam as decisões mais idiotas que os colocam em perigo, especificamente Marcus, que (após 474 dias de vida neste mundo apocalíptico) deveria saber mais. Não importa que seja uma criança. Só o facto de assistir à morte do pai, deveria ser razão mais do que suficiente para adquirir bom senso. É também desnecessário afirmar que ele faz algo tão ridículo, que parecia que eles tinham que reverter a progressão da personagem para que ele e Evelyn tivessem espaço no enredo. Marcus e Evelyn já não são personagens pro-ativos e, devido à participação mínima que obtêm, parece que assumem a função da continuação DLC de um jogo já curto.

Não quer dizer que não seja um bom filme e uma sequela digna. Embora, na minha opinião, não seja tão novo e inventivo como o primeiro filme, “A Quiet Place Part II” consolida os aspetos mais fortes do primeiro, enquanto assume um tom emocionalmente mais ousado do que o típico filme de terror. As cenas são bem coreografadas, intensas e repletas de ansiedade como sempre. Em adição, recebemos ainda performances fortes de Millicent Simmonds e de Cillian Murphy. Sem dúvida que vale a pena ir ver ao cinema.

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