A Minha Casinha é o novo filme português de António Sequeira e o mais recente a chegar às salas de cinema portuguesas no dia 14 de dezembro. Retrata as dificuldades de uma família do interior portuguesa num momento crucial da vida da mesma: as mudanças que surgem e a adaptação quando o filho mais velho sai de casa para estudar em Londres.
Bem sabemos que o cinema português não está tão enraizado em Portugal como deveria estar. Mas há grandes produções a chegar, com histórias bonitas a serem contadas, e “A Minha Casinha” é um exemplo disso mesmo e que não quero, de todo, que passe despercebida pelo nosso público.
O filme já venceu o Prémio do Público no Festival de Cinema em Austin e as emoções que eles sentiram em relação a um filme português, sobre uma família portuguesa, foram muitas, mas acima de tudo conquistou-os, levando o público de lá a entregar este prémio. Por isso, se eles lá não entendem metade do que este filme é e mesmo assim se conseguiram identificar, então é porque é o filme perfeito para nós.
A Minha Casinha decorre ao longo de um ano, passando pelas quatro estações (Verão, Outono, Inverno e Primavera) onde vamos percebendo como é que esta família se vai habituando à grande mudança do filho mais velho sair de casa – o síndrome do ninho vazio por parte da mãe Elsa, o facto do pai Otávio guardar as suas emoções para si e a filha mais nova, Bélinha, a querer também seguir o seu sonho mas sentindo-se na sombra do irmão.
Eu tive de conter as lágrimas diversas vezes, seja de riso, seja de emoção. Porque não só o filme tem o humor no ponto perfeito como comportamentos, expressões e piadas tipicamente tugas (e que podiam correr muito mal quando apresentado lá fora) como é fácil, para qualquer espetador, identificar-se com alguma das personagens, senão mesmo com um bocadinho de cada uma delas.
A química entre Miguel Frazão, Beatriz Frazão, Elsa Valentim e Salvador Gil é tremenda no grande ecrã, entregando-nos cenas (in)tensas ao longo do filme, deixando-nos mesmo com vontade de ir até Baião dar-lhes um abraço.
Uma vez que teve o grande desafio de ser gravado em quatro estações do ano, é inevitável falarmos do excelente trabalho de fotografia que foi feito para representar cada uma delas, assim como os próprios figurinos. Os próprios cenários, que não são todos localizados no mesmo sítio, fazem-nos parecer que estamos numa só casa, com a estação dos comboios ali mesmo à beira a dar um grande significado ao filme. Adorei, senti-me como se estivesse a ver a vida de alguém próximo a mim, senti-me também eu em casa.
Sem dúvida, um retrato belíssimo de uma família, com os seus dissabores mas também as suas alegrias e que promete trazer um quentinho no coração ao sair da sala de cinema. Não deixem passar a oportunidade de ver “A Minha Casinha” nos grandes ecrãs porque garanto-vos, vale muito a pena.
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