O Detective Poirot regressa aos grandes ecrãs com A Haunting in Venice (Mistério em Veneza), adaptado do livro “Hallowe’en Party” de Agatha Christie. Será que o toque spooky dado a este filme mantém a consistência dos seus antecessores?
O filme passa-se em Veneza em 1947 (pós Segunda Guerra Mundial) na véspera do dia de Todos os Santos, onde vamos ver novamente Hercule Poirot em ação, após um dos convidados de uma sessão espírita num palácio decadente ter sido assassinado. Se o Poirot estava reformado, rapidamente voltou ao trabalho com um caso que vai contra todas as suas crenças, nomeadamente de que não existem espíritos e que as coisas são resolvidas através da ordem e do método.
Mistério em Veneza consegue aliar bem esta vertente do mistério e suspense com um toque de spookiness, quase terror (mas mais ligado à parte paranormal/espiritual) que, embora não seja muito o meu género, admito que deu uma vibe interessante ao filme porque foi maravilhoso de ver o Poirot a lidar com portas a bater do nada e sessões de espíritos quando ele claramente não acredita em nada disto.
Kenneth Branagh, após três filmes, não é o Poirot que queria e não é certamente o que visualizei, mas confesso que é um Poirot que me estou a habituar a ver, tanto que fiquei no final do filme à espera de uma pista para a próxima adaptação. Nem eu sabia que já estava assim tão convertida.

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Eu digo que esta vibe mais assustadora resultou porque acabamos por ter ali uma quantidade de planos que ajudam a criar esta sensação de ansiedade e terror, ao mesmo tempo que estamos crentes que mais tarde ou mais cedo o Poirot vai tirar as teimas. Não chegamos a saltar da cadeira (pelo menos eu não saltei e sou assustadiça, mas não prometo nada) mas ficamos tensos com algumas situações.
Senti que foi também o filme mais rápido não só no que toca na apresentação das personagens, no desenvolvimento do mistério e na sua resolução. Com isto não quero dizer que não o tenha feito bem.
Por um lado, acho que se tivesse arrastado mais se calhar ia aborrecer, mas também acho que tivemos pouca profundidade das personagens em termos de background porque é tudo muito vago, acabando por não gerar empatia com nenhuma em específico infelizmente.
Acho que se perdeu um pouco daquelas coisas meio à Poirot do estilo ir “retendo” informação, mas percebo porque é que não aconteceu tanto aqui. O foco é no mistério, nesta nova vibe, como gosto de lhe chamar, e quando chegamos ao fim ficamos surpreendidos com a resolução (embora neste tenha estado muito perto de resolver o crime!). Se era necessário este aprofundamento? Talvez não, o filme vive bem assim, é leve de ver, passa rápido e deixa-nos focados em perceber como acaba e é isso, sem complicações.
Acho que se são fãs de mistério e especialmente da Agatha Christie, é um filme a ter na watchlist! Quero muito continuar a ver estas adaptações porque acho que a Christie escreveu tantos livros maravilhosos que vê-los no grande ecrã é um pequeno guilty pleasure!
O filme estreia dia 14 de setembro nos cinemas.
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