Home Novidades 90 anos de Clint Eastwood: 5 sugestões de filmes para veres

90 anos de Clint Eastwood: 5 sugestões de filmes para veres

by João Pedro

Clint Eastwood celebra hoje o seu nonagésimo aniversário. Por conseguinte, não queria deixar escapar a data sem prestar uma homenagem singela a este homem que, de forma inexorável, frisou uma marca própria no mundo do cinema.

Nesta ocasião, revisitei alguns dos seus trabalhos, sendo estes relevantes no juízo que faço de certos detalhes em torno do cinema moderno. Não obstante, com um reportório tão vasto, ainda terei muito que aprender com os filmes de senhor.

Desde a ascensão à notoriedade, na “Dollars Trilogy”, de Sergio Leone, já no final da década de 1960, Eastwood esteve envolvido na conceção de mais de 50 filmes, sendo que desempenhou funções de realizador, produtor e ator.

Apesar dos múltiplos triunfos atrás das câmaras (arrecadou quatro Oscars na categoria de Melhor Realização), Eastwood é também o modelo do pistoleiro anti-herói, que guardamos na caixa de recordações.

Guarda lá a tua pistola, Blondie. E conta-me o que andaste a fazer!

  • “High Plains Drifter” (1973)

Do que eu já vi até hoje, “High Plains Drifter” é o filme mais sádico de Eastwood.

Esta visão tenebrosa de um western, conta com imagens horríveis (no bom sentido que a palavra pode ter) e um final sangrento.

O personagem de Eastwood é uma presença aterrorizante, que deixa a cidade totalmente impotente. Muitas das suas performances têm semelhanças, mas esta acaba por destacar-se pelo mistério constante que apresenta.

Esta história de um assassino implacável, que destrói uma cidade e os seus moradores, é, a meu ver, o filme mais imaginativo e perverso de Eastwood.

  • “Pale Rider” (1985)

“Pale Rider” conta a história de Preacher (Eastwood), o fantasma que vem em socorro de uma cidade indefesa. Há uma noção de simplicidade emocionante: adoramos o herói, odiamos os vilões e o bem vence o mal.

É o fio condutor clássico, onde os heróis e vilões de Eastwood são coordenados de forma magistral.

Nas linhas gerais, “Pale Rider” é um western tradicional, com uma história que já foi contada, de uma forma ou de outra, mil e uma vezes, passo o eufemismo. Só que Eastwood reinventa o género de western que,  em meados da década de 1980, já começava a desaparecer da lista de opções preferenciais em Hollywood.

A cinematografia é, na maioria das vezes, sombria e sinistra. As cenas são obscuras, e há uma certa enfatização do Old West como um lugar ainda mais sujo e selvagem do que é costume.

Algumas pessoas afirmam que “Pale Rider” é uma cópia descarada de “Shane” (1953), mas julgo que as semelhanças são meras homenagens de respeito pelo género. Afinal, Eastwood estava a tentar salvar o conceito de western, e talvez essa fosse a maneira de fazer com que o público recordasse os clássicos do passado.

  • “Unforgiven” (1992)

Na minha opinião, como ator e realizador, Eastwood fez o seu trabalho mais poderoso em “Unforgiven”.

Ao longo dos anos, explorou o Old West de várias maneiras: Primeiro através do verdadeiro anti-herói (“High Plains Drifter”), depois na vertente do homem que se torna uma lenda (“The Outlaw Josey Wales”) ,e depois surge o verdadeiro herói mítico (“Pale Rider”).

Desta feita, o trabalho acaba todo por culminar em “Unforgiven”.

A meu ver, no que toca a westerns, o filme só perde para “The Wild Bunch”, de Peckinpah, mas é digno de ser visto por todos os fã de cinema, que fogem a este género em específico.

Com esta obra, Eastwood revela o pináculo da maturação como cineasta, mas homenageia também, de forma sublime, nomes como Ford, Hawks, Leone e Peckinpah.

  • “A Perfect World” (1993)

Ao longo da carreira, Eastwood não realizou muitos filmes de entretenimento convencional. Ele conseguiu agradar ao público, mas com muitos projetos que fogem ao sentido de aventura e humor que empregou em “A Perfect World”.

Na altura em que trabalharam neste filme, tanto Eastwood como Kevin Costner tinham acabado de triunfar nos Oscars, só que nem “Dances with Wolves” ou “Unforgiven” apresentam a subtileza de “A Perfect World”.

O “coração” do filme incide na relação que se desenvolve entre um criminoso e uma criança. E mesmo que possamos efetuar conjeturas sobre a história, é quase impossível adivinhar o desfecho desta amizade.

Se há algo que podemos aprender com Clint Eastwood neste filme é que, de facto, o mundo não é perfeito, mas vale sempre a pena lutar por ele.

Depois de “Unforgiven”, Eastwood conseguiu fugir ao seu terreno neutro de cowboys, para oferecer algo tão diferente, mas que aquece o coração de forma exequível. Talvez seja por isso que é um género de Hemingway do American Cinema, ou o último moicano de uma espécie em extinção de artistas.

  • “The Bridges of Madison County” (1995)

Um filme simples, mas inovador no sentido técnico do trabalho de Eastwood.

Ele surge num papel totalmente inédito, nesta adaptação do livro de Robert James Waller, que Steven Spielberg produziu e que, originalmente, ia realizar.

A personalidade de um artista sensível não é de todo o que associamos a Eastwood, mas ele consegue comover o público ao retratar um fotógrafo da National Geographic, que tem um caso breve, mas intenso, com uma dona de casa de Iowa (embora alguns possam argumentar que romantiza a infidelidade).

A questão incide no facto de que a “dona de casa” não é nada irrelevante, visto que até é interpretada por Meryl Streep.

A imagem do homem forte e robusto, dá lugar à figura irremediavelmente apaixonada. A vulnerabilidade de Eastwood em “Bridges of Madison Country” é notável, e simboliza, quanto a mim, um desempenho vital na sua carreira.

Related News

Leave a Comment

-
00:00
00:00
Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00