Harrison Ford celebra hoje 80 anos. Muitas vezes, quando as estrelas de cinema atingem o auge, todos os personagens que interpretam têm o hábito de se tornar extensões da sua própria personalidade. Porém, Ford é uma exceção. Não sendo agarrado a um todo, já foi muitos. Foi Han Solo, Indiana Jones, Richard Kimble, Jack Ryan, Rick Deckard, entre tantos outros. Adjetivar tudo isto como uma “carreira incrível”, seria um eufemismo banal.
Harrison Ford estreou-se tarde na indústria cinematográfica. Até aos 30 anos, trabalhou como carpinteiro. Marido e pai de dois filhos, começou a complementar o seu ofício com participações no pequeno ecrã. Estes trabalhos discretos, incluíram papéis modestos em westerns como “Gunsmoke” e “The Virginian”.
Não obstante, tudo mudou quando George Lucas decidiu oferecer-lhe um papel secundário em “American Graffiti”, de 1973. A prestação discreta foi suficiente para impressionar o cineasta, que voltaria a trabalhar com ele em projetos muito mais sonantes. Aos 35 anos, Ford deu vida ao contrabandista espacial Han Solo em “Star Wars”, de 1977. Posteriormente, Lucas voltaria a contratar o ator, mas, desta vez, para interpretar um arqueólogo de chicote e chapéu de couro.
Numa altura em que o seu nome já dava que falar em Hollywood, Ford chamou a atenção de Ridley Scott, que o escolheu para o seu filme sombrio de ficção científica “Blade Runner”, um filme que não se revelou um sucesso na altura em que chegou aos cinemas, mas que viria a tornar-se um autêntico clássico de culto. Com várias personagens sublimes no seu currículo, Ford continua a trabalhar. No passado mês de abrirl, o ator aceitou participar em “Shrinking”, uma série da Apple TV, ao lado de Jason Segel. E, no próximo ano, voltaremos a encontrá-lo para a sua despedida de Indiana Jones.
Aqui fica o meu top de performances do ator, que não se enquadram na vertente de blockbuster:
- “Witness” (1985)
Neste filme, que pode apresentar o melhor desempenho na carreira de Ford, o ator retrata o Detetive John Book, que, durante a sua investigação ao homicídio de um polícia disfarçado, descobre que há uma testemunha do crime, um rapaz “amish” de 8 anos, que presenciou o crime. Quando os assassinos percebem que foram descobertos, o rapaz corre perigo. Desta forma, temendo pela sua segurança, John faz de tudo para o proteger, mesmo que tenha que quebrar algumas regras. Por esta performance, Ford recebeu a sua única nomeação ao Oscar (até ao momento) e a terceira nomeação aos Golden Globe Awards.
- “The Fugitive” (1993)
Neste filme, Ford dá vida a Richard Kimble, um cirurgião vascular condenado injustamente pela morte da sua esposa. Kimble é condenado por um homicídio em primeiro grau, porém, a caminho da prisão, consegue escapar. E, agora, é ele o fugitivo. Harrison Ford e Tommy Lee Jones revelam-se oponentes formidáveis nesta obra.
- “The Mosquito Coast” (1986)
Baseado no livro de Paul Theroux, Allie Fox (Harrison Ford) é um inventor que, cansado da mediocridade que o rodeia, resolve sair dos Estados Unidos, com a mulher e os quatro filhos, para o interior de um país da América Central. Allie sonha ter uma nova vida, mas o que ele pensava ser uma vida paradisíaca revela-se uma difícil batalha pela sobrevivência.
- “Working Girl” (1988)
Neste filme, Ford interpreta Jack Trainer, um empresário de Wall Street. Tess McGill é uma mulher de origem humilde, que não é formada, mas cheia de ideias, que vai trabalhar para o mesmo escritório que opera com o mercado de ações, como secretária de uma empresária de sucesso. Quando a sua chefe parte a perna, McGill ocupa o seu lugar. Ao propor uma jogada financeira soberba, Tess recebe o apoio de Trainer. Os dois acabam por envolver-se, mas existe um problema, ele é o namorado da chefe.
- “42” (2013)
Na cinebiografia de Brian Helgeland sobre Jackie Robinson (Chadwick Boseman), Ford assume o papel do dono dos Brooklin Dodgers, que fez uma das jogadas mais arriscadas na Liga de Baseball Americana, ao contratar para a sua equipa um tal de Jackie Robinson. O contrato arrastou ambos para um mundo de críticas vindas do público, da imprensa e até mesmo dos outros jogadores. Robinson foi forçado a enfrentar o estigma do racismo, vindo de todas as partes e, com uma enorme coragem e determinação, deixou que o seu talento no campo acabasse por provar o seu valor.