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5 Filmes de terror para assombrar o teu Natal

by Francisco Barreira

Pode dizer-se que o género de terror não é o mais popular por esta altura do ano. Não está no calendário da maioria passar uma tarde a ver vagas de zombies a devorarem tudo aquilo em que tocam ou fantasmas a fechar portas com muita força para assombrar os inevitáveis novos inquilinos, que só queriam viver numa zona mais remota, para fugir da pressão das grandes cidades. Basta um breve olhar para a programação dos canais generalistas para o perceber.

No Natal, grande parte da população dá férias ao terror. Mas há sempre a minoria, aquele cabaz de gente que não consegue abster-se do desejo de se assustar, por muito que as quadras festivas o exijam.

O Natal não é propriamente um cenário recorrente no terror, como qualquer fã do género pode constar. As cores mais escuras, o silêncio e o medo predominantes na grande parte destes filmes tornam difícil a utilização desta festividade como plano de fundo. Mas houve quem acreditasse que era possível. E dessa crença surgiram dezenas de filmes que conseguiram convidar o Natal a fazer parte do vasto catálogo de filmes de terror. Aqui ficam algumas sugestões para quem não consegue deixar o género para trás, nem que seja por apenas alguns dias.

Gremlins

Depois de trazer o terror aos banhistas de todo o mundo com Jaws, Steven Spielberg, desta vez como produtor, decidiu arruinar o Natal aos residentes da cidade fictícia de Kingston Falls. E tudo começa com algo tão simples como um pai a comprar um presente para dar ao seu filho.

Quando o inventor Rand Peltzer (Hoyt Axton) tenta convencer um dono de uma loja de artigos chineses a adquirir a sua mais recente invenção, descobre que este estava a albergar nesse mesmo espaço uma pequena criatura, um Mogwai. Semelhante a um peluche, consegue replicar alguns sons e até cantar. Rand tenta imediatamente adquiri-lo por 200 dólares, mas o vendedor diz que não está á venda, pois exige muita responsabilidade.

Sabendo o quão a família precisava do dinheiro, o neto do lojista acaba por aceitar a oferta sem o seu avô saber. A criança transmite-lhe ainda que os Mogwai morrem quando expostas à luz solar, não podem tocar em água, e, acima de tudo, não podem ser alimentados após a meia-noite.

Rapidamente as duas últimas regras são quebradas, o que leva a uma invasão de Kingston Falls por parte de um exército de Gremlins, uma versão endiabrada dos Mogwai. Por vezes exibindo comportamentos semelhantes aos de um grupo de adolescentes embriagados, eles apenas procuram alguma diversão.

O problema é que o seu entretenimento vive muito da tragédia, o que acaba por custar a vida a alguns cidadãos da cidade. Gremlins é  a escolha mais ligeira desta lista, explorando sempre os fortes laços familiares entre os elementos da família Peltzer. É sem dúvida uma escolha diferente, mas com uma moral muito típica da quadra natalícia.

 

A Christmas Horror Story

Desde cedo, A Christmas Horror Story não tem medo de assumir aquilo que é: um filme repleto de extrema violência, por vezes até gratuita. Os diretores Grant Harvey, Steven Hoban e Brett Sullivan não se inibiram na altura de castigar as inúmeras vítimas que se vão acumulando ao longo do filme, e o resultado é um festival sangue e matança que não será fácil de esquecer.

Apoiado num visual muito bem conseguido, A Christmas Horror Story conta 4 histórias diferentes, alternando entre estas sem um aparente critério. A acompanhar todo este cocktail está Dangerous Dan (William Shatner), um apresentador de rádio que vai tentando animar a véspera de Natal dos habitantes de Bailey´s Down, sempre apelando ao espírito natalício dos seus ouvintes.

Primeiramente somos transportados para a escola local, onde três amigos decidem entrar para investigar dois homicídios macabros ocorridos no ano anterior. Neste segmento está bem presente o típico excesso de confiança da juventude face ao sobrenatural, sendo, aliás, a sua maior preocupação evitar serem apanhados pelo diretor da escola. Passamos para um momento de convívio familiar, quando o detetive Scott Peters (Adrian Holmes) leva a mulher Kim (Oluniké Adeliyi) e o filho Will (Orion John) à floresta para escolherem a sua própria árvore de Natal.

Quando Will desaparece no meio de um interminável mar de neve e árvores, os seus pais iniciam uma busca desesperada, que acaba por dar frutos pouco depois. Mas Will não parece o mesmo e a mudança no seu comportamento não passa despercebida. O foco vira-se, então, para Taylor, Diane e os seus dois filhos, que viajam para visitar a casa de Edda, tia com um poder financeiro do qual Taylor planeia tirar vantagem. A interação é curta, já que Edda exige que se retirem todos após um dos filhos ter partido uma figura da criatura mitológica Krampus, ação que despoletou uma forte reação em Gerhardt (Julian Richings), o seu zelador.

A última história com a qual somos presenteados é, sem grandes dúvidas, a mais bem conseguida. A ultimar as preparações para mais um atribulado dia, o Pai Natal vê-se confrontado com uma infeção, e vê-se obrigado a enfrentar um pequeno exército para poder salvar o Natal. Mas a verdade é bem mais macabra que o que parece.

Apesar das inconsistências de um guião que foi certamente alvo de alguma discussão, A Christmas Horror Story, compensa o espetador com o nível de entretenimento que proporciona.

 

Black Christmas (1974)

Black Christmas é por muitos considerado um dos filmes mais subvalorizados dentro do género do terror. Talvez tenha sido isso que levou aos dois remakes do filme, tendo ambos ficado bastante aquém da qualidade do original. Jess (Olivia Hussey) e as suas amigas estão a celebrar a véspera de Natal na república onde vivem, quando esta recebe um telefonema de um homem que utiliza linguagem imprópria para a caracterizar, chegando mesmo a ameaçar mortalmente a sua amiga Clare (Lynn Griffin). Esta acaba mesmo por ser a primeira vítima do assassino, mas este não para por aí, e, ao longo do filme acaba por deixar a sua marca em múltiplas vítimas.

O diretor Bob Clark, que curiosamente acabou por ficar mais reconhecido pela comédia A Christmas Story, optou por manter a personalidade do seu vilão em segredo, nunca revelando as verdadeiras razões por trás das suas ações ou mesmo a sua verdadeira identidade. E não é apenas sobre o vilão (que escolhe identificar-se como Billy) que ficam perguntas por responder. Black Christmas transmite continuamente um sentido de ambiguidade, que nos deixa colados ao ecrã, a tentar adivinhar o que poderá acontecer a seguir.

A omissão de detalhes sobre Billy torna a história mais intensa, adicionando uma camada extra de nervosismo ao filme. Não sei quantos mais remakes serão necessários para perceberem que Bob Clark acertou à primeira.

The Lodge

A entrada mais recente desta lista, The Lodge é uma análise ao relacionamento complicado entre dois irmãos e Grace (Riley Keough), que está noiva do pai destes. Sempre hostis, Aiden (Jaeden Martell) e Mia (Lia McHugh) recusam-se a sequer estar na presença daquela que consideram uma força maternal forçada. O ressentimento das crianças é reforçado no seguimento de acontecimentos trágicos que envolvem a sua mãe.

Passados 6 meses,Richard (Richard Armitage) decide utilizar a época natalícia como pretexto para finalmente aproximar as duas partes, cujo entendimento seria fulcral para um saudável funcionamento desta nova família. O cenário muda para uma propriedade instalada no meio de uma branca floresta, onde o quarteto chega ainda com um ambiente muito tenso e desconfortável, que se adensa quando Richard tem de voltar ao trabalho, deixando Grace com a colossal tarefa de cuidar de dois irmãos que a odeiam profundamente. Para tornar toda a trama mais complexa, começam a surgir eventos misteriosos que geram uma profunda desconfiança de parte a parte.

Meticulosamente orquestrado, Severin Viala e Veronika Franz nunca nos deixam cair na ilusão de que já descobrimos o culpado, fazendo com que questionemos a nossa própria perspetiva de forma recorrente. Não se pode dizer que tenha sido um Natal de sonho para a família Hall.

Better Watch Out

Toda a gente já teve dias mais atribulados no trabalho, e é neste departamento que Ashley (Olivia DeJonge) tem uma história para contar. Durante uma calma véspera de Natal, os pais de Luke (Levi Miller) preparam-se para um jantar fora, deixando-o em casa apenas acompanhado pela sua habitual babysitter, Ashley, pela qual está perdidamente apaixonado.

Decidido a impressioná-la, não tarda em colocar a máscara da rebeldia, recorrendo a bebidas alcoólicas para combater as suas naturais inibições. Ashley percebe de imediato o jogo de Luke, mas opta por acalmar as suas expetativas de forma compreensiva. Depois de encontrar aberta uma porta que tinha acabado de fechar, a babysitter começa a suspeitar que os dois poderão correr perigo, sentimento que escala  quando um intruso entra em casa com uma caçadeira. Mal sabia Ashley o que estava por vir.

Chris Peckover deu vida a esta versão sádica de Sozinho em Casa, que conta com um antagonista pouco provável, que deixa qualquer um incrédulo com o seu nível de calculismo e frieza, nunca perdendo o controlo da sala, mesmo quando parece não haver saída possível. A forma como Better Watch Out evita muitos dos clichés deste tipo de filmes, é uma bem-vinda surpresa para os fãs do género, especialmente na segunda metade, na qual Peckover nos revela finalmente o que tinha escondido na sua tela. Será justo presumir que foi a última noite de Ashley como babysitter.

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