Depois de aventuras de espionagem em defesa de Sua Majestade, Sam Mendes junta-se a Roger Deakins para um filme de guerra como nunca se viu. “1917” chega dia 23 de janeiro aos cinemas portugueses.
São poucos os exemplos de filmes que se apresentam a simular um único take contínuo, do início ao fim. Tanto clássicos como “A Corda”, de Alfred Hitchcook, filmes de culto como a “A Arca Russa”, de Alexandr Sokurov, ou o mais recente “Birdman”, de Alejandro González Iñárritu, são exemplos disso.
O consagrado realizador Sam Mendes (“Skyfall”, “Spectre”) decide pegar neste conceito e elevar o patamar, com a ajuda do cinematógrafo Roger Deakins, neste “1917”.
O filme decorre em plena 1ª Guerra Mundial, quando dois soldados são destacados para entregar uma mensagem a um batalhão que se encontra a quilómetros de distância. Com esta mensagem conseguirar-se-á prevenir um ataque e, se for entregue do prazo estabelecido, poderá salvar a vida a 1600 pessoas.
“1917” é algo nunca antes visto. Ponto final, parágrafo. Não há volta a dar.
A maestria com que Mendes e Deakins nos guiam pelos vários ambientes pelos quais os soldados têm de ultrapassar, com milhentos obstáculos pela frente, é inigualável. E o facto de o fazerem a simular um único take contínuo deixa o espectador no papel do terceiro soldado, a sofrer em cada momento juntamente com eles.
Mendes brinca com a tensão durante todo o filme, levando-nos numa montanha-russa de preocupação e adrenalina pouco recomendável para os mais sensíveis de coração. Não só na componente visual, mas também com a edição e mistura de som e uma banda sonora pulsante em todos os momentos.
Para além do brilhantismo da componente técnica, “1917” tem ainda para nos oferecer boas performances por parte do seu pequeno elenco. Muito do filme repousa sobre os ombros dos dois soldados, George MacKay e Dean-Charles Chapman, que têm uma excelente química e vende cada momento como se fosse real.
Para além deles, também encontramos muitas caras conhecidas espalhadas ao longo dos 120 minutos de filme. Nomes como Colin Firth, Andrew Scott ou Richard Madden são alguns que se apresentam por poucos mas memoráveis minutos e nos regalam com óptimas interpretações.
Em momentos tão povoados por indícios de conflitos bélicos entre várias nações no nosso Mundo, pode ser compreensível que o espectador não tenha um grande desejo de ver um filme que decorra em situações semelhantes. Porém, “1917” é muito mais que isso.
“1917” é sobre a humanidade, os horrores da guerra, a camaradagem e, muitas das vezes, a familiaridade que existe nas trincheiras. É uma história de sobrevivência num ambiente desenhado para matar. É uma mensagem de esperança num território condenado ao desespero.
Aconselho vivamente a todos assistirem a esta obra-prima no maior ecrã que conseguirem, com o melhor sistema de som possível. É uma experiência imersiva, que não deixará ninguém indiferente e imensamente merecedor de todos os prémios que tem vindo a receber.
2 comments
Boa crítica, focada nos aspectos mais importantes, mas mudem a parte da 2° guerra para 1°.
Olá, André! Muito obrigado pelo feedback e pedimos desculpa pela demora na resposta a este comentário! Entretanto também reparámos e mudámos logo na altura mas obrigado pelo alerta! 😀