Home Estreias “13 Reasons Why” T4: Será que esta temporada era mesmo necessária?

“13 Reasons Why” T4: Será que esta temporada era mesmo necessária?

by Beatriz Silva

A resposta ao título é sim e não. É confuso mas a verdade é que a quarta temporada de “13 Reasons Why” apesar de dar um bom encerrar às personagens, ficou aquém do esperado. Estreou recentemente na Netflix. 

Em 2017, escrevia sobre a primeira temporada de 13 Reasons Why, que descrevi como um must-see arrepiante, visto que colocou temas em cima da mesa bastante sensíveis mas necessários de se falar como, por exemplo, o suicídio.

[ALERTA SPOILER]

Acho que, sem dúvida, essa foi a melhor temporada desta série, porque as restantes cairam um pouco por terra, e a quarta não é excepção, embora não tenha sido totalmente péssima.

A série começou a perder o foco e o mote inicial, tentando entrar na terceira temporada por um género mais crime e policial, com a morte de Bryce. Passamos a temporada a tentar descobrir quem foi o culpado e também a conhecer um outro lado da vítima, aqui quase em modo redenção por tudo o que fez a Hannah e a outras mulheres.

Quando finalmente descobrimos que Alex foi o responsável, e que Jessica foi cúmplice, começou a gerar-se um novo argumento para a quarta temporada. Monty foi preso pelo que fez a Tyler e pouco depois, foi morto na prisão. Como tal, o grupo de amigos para proteger Alex, dizem que foi Monty que matou Bryce. Só que ele tinha um álibi para aquela noite: estava com Winston, que agora, na quarta temporada, se torna aluno de Liberty para tentar descobrir quem matou realmente Bryce.

A temporada desviou-se completamente do que tinha prometido, assim como a série também se desviou. Serviu principalmente para dar um final às personagens que podia ter sido feito antes, sendo que não era preciso mais 10 episódios de quase 1 hora (sendo que o final vai para lá da 1h30) para chegarmos a praticamente nenhuma conclusão.

Antes de apontar o negativo da série, deixem-me realçar um dos pontos positivos desta série desde que começou: expor as questões sociais (nem sei bem se é este o nome que quero dar) e mentais que estão bem presentes no nosso dia a dia e que às vezes não nos apercebemos deles ou então passamos por eles. São eles o racismo, bullying, tiroteios, ansiedade, ataques de pânico, drogas, stress pós traumático, entre inúmeras coisas que foram apresentando ao longo da série. Levantam o assunto e deixam sempre um alerta de que se alguém tiver a passar por alguma situação para procurar ajuda, o que torna a série até necessária para enfrentarmos aquilo que às vezes não se fala diariamente ou que se evita falar.

Fotografia: DAVID MOIR/NETFLIX © 2020

Primeiro, começamos logo a temporada com um funeral, o que nos deixa imediatamente a pensar “Lá vamos nós outra vez. Mais uma pessoa a morrer? O que aconteceu desta vez?” e tentamos perceber ao longo da mesma o que aconteceu. Nisto, a série pregou-nos alta partida.

Depois, sinto que,  como já referi antes, o que era para ser a big thing desta temporada (embora totalmente desnecessária, a meu ver) passou completamente ao lado e nisto refiro-me a Winston. O trailer prometia que ele ia em busca da justiça por Monty ao saber quem matou Bryce mas no meio do caso amoroso que teve com Alex (já lá vou), esquece-se da demanda e acaba por só se lembrar dela a três episódios da série acabar.

Fotografia: DAVID MOIR/NETFLIX © 2020

No desenvolvimento das restantes personagens, umas tiveram esse privilégio, outras foram ficando para trás na história infelizmente.

No grupo das personagens mais desenvolvidas temos Alex que acabou por descobrir que era homossexual, tendo logo 3 casos amorosos (sim, estou a contar com o beijo que deu a Zach). Embora tenha sido uma coisa só de agora, não sinto que tenha sido também demasiado repentina a sua relação também com Charlie, que foi ganhando mais destaque aos poucos.

Também Clay acabou por ser bastante explorado nesta temporada com toda a ânsia de poder ser apanhado, juntamente com as dores dos colegas e a necessidade de que tinha de resolver tudo. Isto tudo criou uma bola de neve composta por ansiedade, ataques de pânico, descontrolo e disassociamento da sua pessoa. Dylan Minette interpreta muito bem todos estes sentimentos mas às tantas o número de alucinações constantes é imenso, não eram precisas tantas para percebermos a ideia.

O desenvolvimento de Jessica passou pelo mesmo que já conhecíamos, adicionando Diego à equação, que também apareceu nesta temporada vindo do nada, e ajudou Winston em tudo porque era muito amigo de Monty. Também gostei do desenvolvimento da personagem de Tony e do Tyler que foram evoluindo consoante as situações.

Duas das personagens que acabaram por ficar para trás foram Ani, que foi um dos destaques da terceira temporada e que nesta, simplesmente desapareceu, e Zach, que foi tendo alguns momentos importantes ao longo da temporada, mas foi metido no background de uma maneira que não gostei nada.

Fotografia: DAVID MOIR/NETFLIX © 2020

Finalmente, falta falar de Justin, que acabamos por perceber que é a personagem que morre, após contrair o virus do HIV que evolui para SIDA. Este momento no último episódio ajudou a que todas as personagens encontrassem um ponto de união, porém, parece que ficou demasiado intenso para um episódio apenas. Por um lado, percebe-se o porquê desta decisão. Por outro, questiono-me se não poderia ter sido algo a ser explorado desde o início da temporada porque tínhamos esperanças num futuro melhor para Justin e simplesmente não aconteceu.

(mas chorei que nem uma perdida na mesma).

Com isto tudo, quero dizer que os melhores episódios desta quarta temporada foram o do simulacro do tiroteio porque se sentiu toda a tensão que se vivia naquele momento e o último episódio que, de certa forma, e embora não se tenha cumprido o propósito de fazer-se justiça, é uma maneira de os fazer seguir em frente depois de tudo o que passaram.

Em suma, esta temporada teve alguns problemas e embora tenham conseguido colocar em cima da mesa novamente alguns assuntos, não foram tão bons a explorá-los desta vez. Contudo, deu um encerrar satisfatório às personagens. E com isto, despedimos-nosdestes adolescentes que viveram tanto no secundário e que certamente terão tempos mais calmos na faculdade.

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