O fenómeno que tem marcado todos os festivais por onde passou chega finalmente esta semana às salas de cinema portuguesas e não desilude.
“Diamantino” foi um furacão no Festival de Cannes de 2018. Vencedor do Grande Prémio da Semana da Crítica, o filme tem sido aclamado por críticos e espectadores de todo o mundo, tendo inclusivamente sido nomeado ao prémio de Melhor Comédia nos European Film Awards.
Em Abril de 2019 finalmente chega aos cinemas portugueses e o ano inteiro a criar expectativa não foi em vão – O filme é mesmo muito bom!
Carloto Cotta interpreta o melhor jogador de futebol do mundo, Diamantino, que entra numa crise existencial quando falha o penálti decisivo da final do campeonato mundial. A controlar todos os seus passos estão as irmãs gémeas Sonia e Natasha, interpretadas por Anabela e Margarida Moreira.
É neste trio que reside o maior trunfo do filme, pois ao contrário de muitas comédias em que facilmente a caricatura cai no ridículo, aqui estamos perante três personagens cujos atores conseguem fazer sobressair o lado mais humano, desde a ingenuidade à malvadez.
A interpretação de Cotta e das irmãs Moreira é perfeita, não falhando o sotaque e com uma grande atenção aos gestos corporais e às expressões faciais. O leque das restantes personagens – à excepção da interpretada por Cleo Tavares que omiti para não revelar spoilers – é claramente mais simples e estilizado, mas não deixam de acrescentar a sua graça ao projeto.
Por outro lado, há toda uma vertente artística que mistura fantasia e ficção científica num mundo incrível e inesquecível, que é explorado ao longo de vários sub-plots onde se incluem a adolescente refugiada que Diamantino acaba por adotar, agentes secretos ao serviço do governo, uma Dr.ª Lamborghini que quer clonar o jogador, uma campanha publicitária a pedido do ministério…
A responsabilidade de tal feito é da dupla de realizadores Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt cuja imaginação sem limites espanta e encanta, desde os cãezinhos gigantes no estádio de futebol à elaboração de um Portugal neo-fascista com nostalgia dos tempos monárquicos. Neste filme as ideias são exploradas na dose correta, caminhando por um limite muito arriscado mas sem nunca cair no precipício.
Um marco definitivo no cinema português e uma peróla para o cinema mundial.
Um autêntico golpe de génio!